01 fevereiro 2012

OLH ' Ó BARRETE !

No ano passado foi assim:



Está na forja o deste ano. Dizem que é pr'a rir. Rir, numa época destas?
A malta do Património é careta, retrógrada, imobilista, radical ? Se calhar é por isso que saem todos os anos com esta barretada. Chatos. Têm a mania. Não fazem nada, só tretas, falar, falar...
Calem-se! Estejam quietos! Este país só lá vai se conseguirmos consensos! Como no Alto de S. Miguel! Todos juntos, estendidos, de pés para a frente, caladinhos! Com muitas flores, que é mais bonito.

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Veja-se o desatino do TESTAMENTO no BARRETE DE 2005. Uma pouca vergonha:



CARNAVAL 2005 – TESTAMENTO





Desta vez o meu legado

É bué de mal cheiroso

Digno do rio Sizandro

E daquele industrial

Que empesta o ar da cidade

Que nunca cheirou tão mal.



Quando há dias cá cheguei

Foi isso que vim encontrar:

Um cheirete do catano

Que me fez arrepiar.



É solene este momento

E por isso decidi

Deixar no meu testamento

Não só as notas de mil

Mas os peidos que largar

Quando esticar o pernil.



É pouco? Olhó caraças!

Vão ter com o Félix Bagão,

Prometeu saldar as contas

E vejam como elas estão!



De política não falo,

Vou morrer…já não me ralo…



Só quero testamentar

Este pouco que aqui junto

P’ra  despedir o Governo

Que está como eu, já defunto.



Gostavas de passeatas?

Pu…ras donzelas na cama?

Mas não te queixes, ó Lopes,

O mau foi teres essa fama.

Pode ser qu’inda te safes

O povo tem má memória…

Deixo-te um ponto final

Numa página da História!



O que ganhei derreti

Na gandaia… bebedeiras…

Por isso só deixo aqui

O que sobrou das asneiras.

Tudo lego aos torrienses

Que não  levarão a mal

Els são donos do Entrudo

O melhor de Portugal.



Comecemos pois a ditar

Tudo quanto vou legar.




Ao Valdemar Neves mecenas

Do Barrete no Entrudo,

Deixo uma caixa de Scotch

E um peido com gelo e tudo.



Ao José Pedro Sobreiro

Exímio desenhador

Aqui fica o meu tinteiro

E um peido no estirador.



Ao Carlos Ferreira eu juro,

Por ser homem dedicado,

Deixar tudo bem seguro

E um peido em muito bom estado.



Ao senhor José Almendro

Quando aqui chega cansado

Deixo um novo coração

E um peido já transplantado.



Ao Carlos Bartolomeu

Mais o seu computador

Deixo um boné p’rà careca

E um peido de grande fragor.



Para o Daniel Abreu

Curador das equimoses

Deixo um osso que era meu

E um peido cheio de artroses.



Com o Moedas Duarte

Terei de ser solidário:

Deixo mais inspiração

E o meu peido literário!



Ao senhor Jaime Umbelino

O testamento é assim:

As regras do Português

E um peido a falar latim.


Ao senhor  Andrade Santos

Aqui fica um obrigado

Por tanto nos fazer rir

Quando não fica calado

(E para se não queixar:

Um peido bem aviado.)



Para o jornal Badaladas

Um legado de feição:

Uma sede mais moderna

E um peido em primeira mão.



O Frente Oeste não escapa

Deste legado banal:

Deixo dez quilos de prosa

E um peido editorial.



Para o Estafeta coitado

Que tão breve se finou

Fica a pazada de cal

E um peido que me sobrou.



À Tuna já centenária

A quem a vida não cansa

Deixo à sua Lucilina

Um peido em passo de dança.



Ao nosso Teatro-Cine

E antes que a vontade mude,

Deixo um ciclo de cinema

E um peido de Hollywood.



Aos Bombeiros torrienses

um testamento solene:

poucos fogos p’ra apagar

e um peido em vez da sirene.



Destinado à nossa Banda

Envio por um gigantone

Dieta para o maestro

E um peido pelo trombone.



Ao Grémio Comercial

Deixo de caras, nas calmas,

Parabéns pelo trabalho

E um peido com muitas palmas.



Ao amigo Espeleo-Clube

Deixo uma coisa bem bruta:

Uma mola p’ró nariz

P’ra quem se peidar na gruta!



Vou deixar ao Património

Aquilo que me foi dado:

Mais uma demolição

De um peido classificado!



Para aquela associação

Que viaja sempre sem mim,

Deixo a reserva já feita

E um peido em forma de ASSIM.



À Cooperativa de Cultura

Creio que não fica mal

Deixar mais exposições

E um peido experimental.



À Camerata Vocal

Um legado definido:

Uma viagem musical

E um peido em fa sustenido.



E aos da Távola que arRasa

Nos palcos desta cidade,

Deixo como reportório

peidos da terceira idade.



Para os Amigos de Torres:

Não sei que deixar aos tais,

Se um peido com falta de ideias,

Se ideias com peidos a mais!



Ao Torriense já custa

Tanta dança e contra-dança:

Deixo o estádio hipotecado

E um peido a ponta de lança!.



Aos Rotários vou deixar

Este legado sem tino:

Discursos para o jantar

E um peido ao toque do sino.



Ao Presidente da Câmara

Aqui lhe deixo um bom furo:

Um gaio já sem moinho

E um peido encostado ao muro!



Aos senhores da  Oposição

Tenham muita paciência:

Em ano de votação,

Um peido de resistência!



Aos arquitectos da Câmara

Eis aqui o meu legado:

Um PDM já feito

E um peido mal projectado.



Ao Pelouro da Cultura

Eu penso que é boa malha

Deixar verbas p’rós subsídios

E um peido p’ró Jorge Ralha.



ou:



Ao pelouro da Cultura

Eu penso que é natural

Deixar verbas p’ra subsídios

E um peido bem cultural.



Para o sector das Obras

Este legado bem fino:

Luvas vazias nas mãos

Mais um peido clandestino!



O vereador do Mercado

Entra agora nesta liça:

Dou-lhe em paga do terrado

Um peido com hortaliça.



Para o vereador do Trânsito

Com quem a malta refila,

Deixo carros a apitar

E um peido em segunda fila.


Ao vereador do Turismo

Não encontro melhor sorte:

Deixo montes de turistas

E um peido num belo resort.



Ao edil dos Cemitérios

Eu brindo agora com Porto:

Deus lhe dê muita saúde

E um peido a cheirar a morto.



E a quem fala mal dos outros

Um bom legado lhes toca:

Metros de fita adesiva

E um peido a calar a boca!




Estou sequinho de todo

Já sem guita, sem cordel.

Esperavam enriquecer?

Leram mal este papel...

Havia pouco a esperar

Num testamento da treta.

Ponho-me já a cavar,

Seja a pé ou de lambreta,

Que é mesmo de me bazar

Deste país de opereta.



P’ró ano, se faz favor,

E não querem ficar mal,

Contratem um morto melhor

Que dê um peido maior

No enterro do Carnaval!


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