27 dezembro 2014

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA NAZARÉ - FONTE GRADA

A cerca de 4 km de Torres Vedras situa-se a aldeia da Fonte Grada.
Há meia dúzia de anos, devido a infiltrações subterrâneas, a Igreja - dos séculos XVII / XVIII, como o testemunham o belo púlpito datado de 1676 e o silhar de azulejos -  esteve em risco de ruir. Fizeram-se obras de consolidação dos alicerces e restaurou-se a fachada. Apresenta hoje este aspecto tão airoso.








Ali perto, numa casa em ruínas, este pequeno registo evocativo da Srª da Nazaré:





E pouco mais resta da Quinta da Nazaré, na Fonte Grada...



Fotos de J. Moedas Duarte, 27 Dezembro 2014

20 dezembro 2014

IGREJA DE S. PEDRO FECHADA AO CULTO


O PESO DOS ANOS

De fundação medieval, monumento nacional desde 1910, sofreu sucessivos restauros e acrescentos. É uma relíquia do nosso património edificado. Conserva o garbo de outros tempos mas, como os velhinhos, geme ao peso dos anos.

Um aviso na porta alertou a nossa curiosidade. A igreja matriz de Torres Vedras fechou temporariamente ao culto. Por quanto tempo? Que se passa? Fomos ao cartório paroquial que nos acolheu e levou ao interior do templo. Aparentemente tudo parecia em ordem. A capela-mor, recentemente restaurada por uma equipa do Instituto de Artes e Ofícios, está mais bonita, com os estuques recuperados, as pinturas de Mestre Peres avivadas e as quatro telas dos doutores da igreja recuperadas. O retábulo ds capela dos Perestrelos, do lado da Epístola, está como novo, obra igualmente do IAO. 




O problema reside no tecto setecentista da nave central, em abóbada de berço, de madeira, com caixotões e ornatos pintados. As juntas das tábuas apresentam fissuras, chamando a atenção para o estado do forro e da estrutura do telhado. A queda de caliça foi o sinal de alerta. 




 Pedida uma vistoria, a equipa técnica da Câmara Municipal destapou um painel do coro e pôs à vista a estrutura apodrecida e corroída pela humidade, infiltrada pela porosidade das telhas. É um problema estrutural com sérios riscos de segurança. Daí o fecho das portas. Põe-se agora a questão de saber quem paga as obras. Sendo um Monumento Nacional, parece-nos indubitável que é ao Estado que compete essa tarefa, na sequência, aliás, de múltiplas intervenções de que esta Igreja tem sido alvo ao longo dos anos e, de modo especial, em meados do século passado. A Igreja Matriz de Torres Vedras, bem no coração do Centro Histórico, tem de reabrir quanto antes.







Por vezes temos tendência para pensar que os monumentos são uma dádiva do passado que no-los teriam doado em estado puro. Mas isso é uma ilusão. Todos os monumentos foram sendo modificados ao longo dos anos, em obras de adaptação às condições concretas de cada época. A Igreja de S. Pedro é um bom exemplo.

OBSERVEMOS A SEQUÊNCIA:

São imagens dos finais dos anos 40 do séc. XX. A fachada lateral, onde se acrescentara uma dependência, foi alterada. Vêem-se obras mais ao fundo, na fachada posterior. Vejamos com atenção:




Fotos retiradas do blogue de Venerando de Matos: http://vedrografias2.blogspot.pt/2014/11/cassiano-branco-em-torres-vedras.html











Comparemos agora com fotos do nosso século: a primeira antes da requalificação recente da envolvente da Igreja, a segunda já depois dessa obra:



     Fotos J. Moedas Duarte

Podemos sistematizar a nossa observação:
Nas traseiras da Igreja foi construído no século XVIII o pequeno edifício - uma porta e uma janela de cada lado - destinado à Irmandade dos Clérigos Pobres, associação mutualista de apoio ao clero local. Extinta a Irmandade, aqui funcionou, nos anos 20 do século XX, o primeiro Museu de Torres Vedras, fundado por Rafael Salinas Calado. Esta construção setecentista, no seu interior é uma jóia artística com painéis de azulejos figurativos a toda a volta e um tecto magnífico com pinturas de Oliveira Góis representando os quatro evangelistas.

Se repararmos bem, este edifício foi desconstruído e reconstruído alguns metros ao lado, ficando encostado à parede da capela-mór da igreja onde antes existiam umas arrecadações. É onde hoje funciona o cartório paroquial. Como noticiava o Badaladas de 13 de Janeiro de 1955, foi uma obra a cargo da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. A justificação é que a localização daquele pequeno edifício impedia o trânsito desafogado em direcção ao novo mercado municipal, inaugurado no início dos anos 30. Tratou-se, de facto, de uma obra arrojada evidenciando a qualidade e a capacidade daquele organismo público que percebeu a valia patrimonial do edifício. Desmontou-o e voltou a montá-lo respeitando integralmente a sua estrutura e componentes artísiticas.
No site do SIPA (Serviço de Infrmação para o Património Arquitectónico) encontramos um conjunto de informações muito interessante sobre as obras realizadas ao longo do ano na igreja de S. Pedro, paroquial de Torres Vedras. Ver aqui: http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPASearch.aspx?id=0c69a68c-2a18-4788-9300-11ff2619a4d2
(As fotos acima publicadas, com a indicação SIPA, foram retiradas deste site)


Repare-se  agora nesta foto, já bastante conhecida, tirada nos finais dos anos 20 do séc. XX:


Até ao início dos anos 30 do séc. XX no adro posterior da Igreja de S. Pedro situava-se o chamado “mercado do peixe e das aves”, substituído pelo mercado coberto nos terrenos mais a nascente, cuja construção se iniciou em Outubro de 1929 (Gazeta de Torres, 13 Out 1929) e que foi desmantelado há poucos anos para dar lugar ao moderno Mercado Municipal.
Até à inauguração do Cemitério de S. João, em 1848, este espaço era o cemitério principal da vila. Antes fora adro da ermida de Nª Srª dos Farpados, mais tarde do Rosário. Em 1652, aquando da visita do rei D. João IV, aqui se correram touros. No lado esquerdo da foto é bem visível o alçado posterior da Igreja de S. Pedro – capela-mór, arrecadações e Irmandade dos Clérigos Pobres, antes das grandes obras realizadas ao longo dos anos 40 e 50 do séc. XX.




10 dezembro 2014

REVISTA PATRIMÓNIO Nº 2

No próximo dia 12 de dezembro 2014, às 18.30h será apresentado, na Livraria Ler Devagar, na Lx Factory, em Lisboa, o número dois da RP Revista Património, parceria da Direção-Geral do Património Cultural / Imprensa Nacional Casa da Moeda. Este segundo número dedica o seu caderno principal à gestão do património, entendida num sentido lato e tratando diferentes âmbitos; longe de reunir consensos, é tema que suscita grande diversidade de questões, ampliadas pela vertiginosa velocidade das mudanças de paradigmas que hoje vivemos. Pensamento, Projetos, Opinião e Sociedade são as rubricas que completam os cerca de 22 artigos de 36 autores, plasmados nas 188 páginas da Revista.
A apresentação da RP2 será feita através de uma conversa participada por Diogo Seixas Lopes, Duarte Azinheira, Jorge Custódio, José Aguiar, Luís Soares e Manuel Lacerda.

Mais pormenores: http://patrimoniocultural.pt/pt/agenda/atividades-diversas/apresentacao-da-rp-2-revista-patrimonio/