25 fevereiro 2012

TORRES VEDRAS À NOITE





Dedicadas a quem vive longe desta cidade e tem saudades dela. E aos que nela vivem e não a passeiam de noite. E também aos que passeiam de noite e sentem a magia destas ruas... 





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FOTOS(C)MÉON
Fevereiro 2012

24 fevereiro 2012

TORRES VEDRAS À NOITE - O CENTRO HISTÓRICO

Noite de inverno, de um frio seco. Quase ninguém na rua. Passeando e fixando o olhar...



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Fotos(C)Méon
Fevereiro 2012

22 fevereiro 2012

MAIS VIDA NO CENTRO HISTÓRICO



A Associação do Património de Torres Vedras partilha a preocupação sentida pelos torrienses quanto à crescente e alarmante desertificação do Centro Histórico da cidade. Desde há mais de um ano temos vindo a publicar no jornal BADALADAS uma coluna dedicada a este problema, na qual procurámos incluir o contributo de pessoas de formação e perspetivas diferentes e complementares.

Na sequência destes textos sentimos a necessidade de aprofundar as análises e de alargar a discussão e a procura de soluções concretas.
Com estes objetivos, lançamos agora um CICLO DE 5 DEBATES sob o título genérico

                                         MAIS VIDA NO CENTRO HISTÓRICO

a realizar no AUDITÓRIO MUNICIPAL (Av. 5 de Outubro), das 16 às 18 H, nas datas e com os temas indicados:

10 MARÇO - O papel dos cidadãos na revitalização dos Centros Históricos

24 MARÇO - Espaços devolutos, novos usos culturais e criativos

14 ABRIL - Memórias do Centro Histórico

28 ABRIL - Arquitetura e Urbanismo

12 MAIO - Economia e inovação social.

Em cada sessão contaremos com a presença de CONVIDADOS ESPECIAIS, a anunciar oportunamente, e de alguns CONVIDADOS DE PRIMEIRA FILA.

As sessões são abertas. Esperamos a participação e o apoio de todos aqueles que anseiam por soluções para a revitalização do Centro Histórico da nossa cidade.



Ver página neste blogue: MAIS VIDA NO CENTRO HISTÓRICO

PATRIMÓNIOS 22 (BADALADAS, 10 FEVEREIRO 2012

RESSUSCITAR O CENTRO HISTÓRICO (III Parte)

André Tavares, Arquitecto


Depois de uma perspectiva geral dada no artigo introdutório e de uma incidência mais política e social no anterior, queria aqui focar-me no papel do Arquitecto e as suas dificuldades face à recuperação.  
Correndo o risco de me desviar do assunto central da coluna e textos anteriores, parece-me necessário esclarecer e analisar uma série de mitos construídos ao longo do tempo, e que devem ser prontamente ultrapassados.

O arquitecto é quase sempre imaginado como um indivíduo elitista e de trato difícil, tendendo a tomar as rédeas dos projectos sem consideração pelo cliente e pelas suas necessidades. Dizem alguns que o seu trabalho é caro e, – não fosse a necessidade legal de o contratar, – desnecessário. O arquitecto serviria somente para fazer o “boneco para a Câmara”, e mal o projecto fosse aprovado tornar-se-ia dispensável. Se for uma obra de interiores que não necessite de projecto, então é absolutamente desnecessário.
Vamos tentar desmistificar estes pressupostos.
Existindo profissionais diferentes em todas as áreas, todos eles com feitios e métodos de trabalho distintos, é natural que algumas pessoas tenham tido más experiências com profissionais arrogantes ou prepotentes. No entanto, isto acontece com a mesma facilidade num consultório dentário ou num escritório de advocacia. Apesar de já existirem muitos exemplos de uma arquitectura democrática, de uma arquitectura para todos, participada e participativa, o mito subsiste, talvez por desconhecimento de melhores exemplos.
Um bom arquitecto será aquele que faz o possível para mostrar ao seu cliente novos caminhos e diferentes soluções para um mesmo problema, – para além dos convencionais, – para o resolver. A complexidade de questões que envolve a arquitectura não permite que o seu trabalho se limite a um desenho. Qualquer projecto necessita de mais questões resolvidas do que aquelas que cabem no esboço de uma planta à escala 1/100.
Ao se contratar um profissional tem de haver um espírito aberto e confiar-se na sua experiência. Se o arquitecto se limitar a seguir escrupulosamente o programa sem introduzir nada de novo, o cliente está a ser mal servido.
Um projecto de arquitecto é caro. Será?
Só o preconceito leva muitas vezes a que o profissional nem sequer seja consultado. Um produto só se torna caro se for possível compará-lo com outro de qualidade equivalente e por menor valor. Acontece que muitas vezes se confunde um mero desenho técnico com um estudo aprofundado e cuidado, construído à medida de cada cliente e de acordo com as suas necessidades específicas.
Quanto ao “boneco”. Verifica-se que, se for bem feito, o trabalho do arquitecto não se reduz a um mero desenho, pois está intrinsecamente ligado à pormenorização, à escolha de materiais e soluções técnicas adequadas, e sobretudo a uma capacidade de síntese e de gestão do programa definido pelo cliente e em função de uma ideia de habitar.
A construção do projecto de execução é, ao contrário do que se pensa, a parte mais importante do trabalho do arquitecto, pois que uma organização cuidada pré-obra antecipa grande parte dos problemas e conduz à sua resolução à priori. Seguido de um acompanhamento rigoroso em obra, por parte de um técnico especializado, leva não só a espaços mais equilibrados, confortáveis e apetecíveis, como também, na grande maioria dos casos, a uma maior economia, suplantando não só os honorários iniciais do técnico, como prevenindo as tradicionais derrapagens orçamentais.

**********

Voltando aos Centros Históricos, parece-me óbvio que os promotores e construtores só beneficiariam da colaboração com técnicos especializados. O mercado está saturado de recuperações amadoras e de má qualidade estética e técnica, tanto na habitação como no comércio e serviços, e que na procura do “barato” acabam por ficar não só mais caras como aquém dos objectivos previstos.
É necessário que no novo esforço de recuperação haja uma maior sinergia entre profissionais da construção, arquitectos, urbanistas e designers, que permitam produtos finais qualificados e atractivos com orçamentos equilibrados, a fim de nos devolver as cidades e fazer ressuscitar os nossos Centros Históricos.  



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18 fevereiro 2012

Carnaval de Torres 1932


Uma curiosidade histórica. Muito interessante comparar as ruas de então com as de agora.
E as pessoas? Onde estarão agora?
Viver o carnaval hoje em Torres Vedras é, de alguma forma, homenagear a memória dos que o criaram, nos primeiros anos do séc. XX.
Carnaval: uma saudável transgressão do cinzento quotidiano em que vivemos tantas vezes.

14 fevereiro 2012

IMAGENS DO CARNAVAL TORRIENSE

Imagens retiradas do livro A LITERATURA NOS CARNAVAIS DE TORRES, de Jaime Umbelino, ed. da Câmara Municipal de Torre Vedras, 2005


Anos 2o do séc. XX. Largo da Estação

Anos 20 do séc. XX. Avenida 5 de Outubro. O primeiro prédio da esquerda é onde hoje se situa a loja Corte Ideal.

Espontâneos, no carnaval de 1934. Do lado direito era o Bairro Tertuliano. As casinhas baixas do lado direito ao fundo era onde até há poucos anos existia a taberna do Venceslau, junto à Igreja daGraça.

Carnaval de 1931. Bem visível à direita, o pórtico da Igreja de S. Pedro.

* * *

Este livro reune os textos escritos por Jaime Umbelino para as "cerimónias" do Carnaval torriense a partir dos anos trinta do séc. XX: discursos aos reis do carnaval, testamentos para o enterro, piadas...

A título de exemplo, um trecho do discurso de 1940:



Estava a linda Inês posta em sossego
(Aonde não se sabe nem interessa)
Na margem do Sizandro ou do Mondego
- Era aí o teatro da tal peça –
Quando o Adamastor, irado e cego,
Se alevantou, sentado na tripeça,
E, calmo, disse assim, por entre as pedras:
Carnaval só há um: - em Torres Vedras!

E as ninfas e os faunos e as sereias,
Soprando na trombeta a alta Fama,
Trataram de secar ao sol as meias,
Dormiram... levantaram-se da cama,
E vieram calçando mil areias,
Sem medo ao sol, à chuva ao vento, à lama
Atravessando o mar e os oceanos ...
Só para ver o Chafariz dos Canos!...



10 fevereiro 2012

OLH ' Ó BARRETE ! AÍ ESTÁ O DE 2012!





O BARRETE 2012

Vai ser lançado amanhã, junto ao monumento do Carnaval, no Largo da Graça, a partir das 10H00. 

A coisa começou na brincadeira, em 1996. Agora já é um caso sério. Ano após ano, as barretadas sucedem-se ao ritmo do Carnaval torriense. Mentirolas verdadeiras ou verdades mentiradas, invenções e imaginações, desenhos e cartoons, sátiras e piadas, brincadeiras a mandar pró azar – é um ver se te avias, nesta lufada fresca que todos os anos rebenta na tola dos torrienses: O BARRETE!
Não fujam! Ele vem aí outra vez! Brincadeira pegada, não ofende nem maltrata, mesmo que alguns se sintam apalpados e outros fiquem amuados. E até há quem se ofenda por ser ignorado, por não aparecer na caricatura. Nisto, como no resto, não se pode agradar a todos. Mas TODOS podem ler O BARRETE! Baratinho – 1 €! – só para não se dizer que é à borla. Poucochinho mas agradecido, é o que diz a Associação do Património de Torres Vedras que vê no “Carnaval mais português de Portugal” um património a defender. Por isso, há 16 anos que inventa este BARRETE. Esperando que os torrienses o enfiem com a mesma alegria com que ele é feito.




07 fevereiro 2012

IMAGENS DE TORRES VEDRAS - Escavando o antigo cemitério


Até às primeiras décadas do século XIX os enterramentos eram feitos dentro das igrejas. Foram os governos constitucionais que, a partir de 1835, lançaram legislação que obrigava a que se fizessem fora dos templos, o que originou violentas revoltas populares, sobretudo no norte do país.
Mas, pouco a pouco, os terrenos contíguos às igrejas passaram a ser utilizados como cemitérios, o que se verifica ainda hoje em muitas aldeias por esse país fora. Nas povoações maiores, devido ao rápido aumento da população e à expansão urbana, os cemitérios foram sendo empurrados para a periferia. Em Torres Vedras isso aconteceu com o Cemitério de S. João, criado em meados do séc. XIX, fora do perímetro urbano, mas cem anos depois foi absorvido pela cidade, obrigando à criação do atual Cemitério de S. Miguel em finais dos anos 70 do séc. XX.


Vem isto a propósito das obras em redor da igreja de S. Pedro que se iniciaram há duas ou três semanas e que puseram a descoberto alguns túmulos oitocentistas. Duas arqueólogas estão a fazer um reconhecimento destes despojos, para posterior estudo. Como nos explicaram no local, não se trata de uma escavação pormenorizada e minuciosa, que não cabe no âmbito destas obras. É apenas o assinalar a existência deste tipo de cemitério.
Claro que gostaríamos que se fizesse uma investigação profunda, escavando, fotografando,desenhando e estudando os possíveis estratos de ocupação humana ao longo dos séculos. Todavia temos de reconhecer que isso implicaria muitos meses de estaleiro aberto, com os consequentes custos financeiros e incómodos incomportáveis para a vida urbana.


Vejamos algumas imagens do que vimos hoje quando por lá andámos:


Nesta vala, aberta na rua que passa pelas traseiras do Chafariz dos Canos ( junto à conhecida loja de cabedais) encontramos a base de um muro muito antigo em pedra que, pela orientação, pode muito bem ser os restos do aqueduto que alimentava o Chafariz e que, nesta zona, já era subterrâneo.





Mais à frente, nesta mesma vala, foram encontrados vários esqueletos ( um deles, coberto por plástico, na foto do início), objeto de registo meticuloso pela equipa que aqui trabalha, constituída por uma arqueóloga e uma antropóloga:










São visíveis as estruturas em pedra de alguns túmulos, com os blocos desenhando o comprimento do corpo: 




Outros ainda têm as pedras de cobertura, sob as quais estão os esqueletos:



Um último comentário: estes vestígios de inumações humanas, longe de serem achados macabros, permitem uma percepção mais profunda da memória coletiva, pois são testemunhos mudos de vidas que nos antecederam e transmitem-nos a dimensão temporal da ocupação de um espaço por uma comunidade secular como é a nossa. 



05 fevereiro 2012

LARGO DUQUE DE WELLINGTON

Já foi praça do peixe e largo do Rosário, por nela se situar a ermida da Srª do Rosário que já antes fora Srª dos Farpados, anexa ao hospital dos Farpados. Neste terreiro  correram-se touros em 9 de Agosto de 1652, quando o rei D. João IV passou três dias em Torres Vedras (Ver Júlio Vieira, Torres Vedras Antiga e Moderna, 2ª ed., LivrodoDia / ADDPCTV,  pp.164-5, 169, 273 e 300)

Era assim até há três semanas:



Agora está em obras:






Veremos como vai ficar...

04 fevereiro 2012

IMAGENS DE TORRES VEDRAS


O inimitável "Chico da Bola", homem sobejamente conhecido em Torres Vedras, um dos grandes obreiros do Carnaval, artista de bonecos e de histórias como só ele sabe contar.
Este ano fará pela 67ª vez o "Boneco do Entrudo" que será queimado na quarta-feira de cinzas, depois de carpido, julgado e condenado. 
Chico da Bola, 84 anos de partilha da festa torriense. A nossa homenagem, nesta série de fotos que o Daniel Abreu lhe apanhou em manhã de conversa frente à Igreja de S. Pedro, no coração da cidade.










Fotos (C) Daniel Abreu

 
*  *  *

 
Prédio no largo Duque de Wellington,  por trás da Igreja de S. Pedro






Fotos (C) Daniel Abreu

03 fevereiro 2012

GRUPO DE COIMBRA VISITA TORRES VEDRAS




Um grupo de 26 pessoas de Coimbra esteve hoje de visita ao nosso Património monumental: Varatojo, Igrejas da Graça e Misericórdia, Museu Municipal. Acompanhámos e partilhámos este dia de convívio cultural. Ficou a promessa: para o ano voltam cá, para verem o Chafariz dos Canos restaurado e o Forte de S. Vicente, hoje fechado ao público devido às filmagens sobre a Guerra Peninsular.
Posted by Picasa

01 fevereiro 2012

OLH ' Ó BARRETE !

No ano passado foi assim:



Está na forja o deste ano. Dizem que é pr'a rir. Rir, numa época destas?
A malta do Património é careta, retrógrada, imobilista, radical ? Se calhar é por isso que saem todos os anos com esta barretada. Chatos. Têm a mania. Não fazem nada, só tretas, falar, falar...
Calem-se! Estejam quietos! Este país só lá vai se conseguirmos consensos! Como no Alto de S. Miguel! Todos juntos, estendidos, de pés para a frente, caladinhos! Com muitas flores, que é mais bonito.

..........................................................................................................................

Veja-se o desatino do TESTAMENTO no BARRETE DE 2005. Uma pouca vergonha:



CARNAVAL 2005 – TESTAMENTO





Desta vez o meu legado

É bué de mal cheiroso

Digno do rio Sizandro

E daquele industrial

Que empesta o ar da cidade

Que nunca cheirou tão mal.



Quando há dias cá cheguei

Foi isso que vim encontrar:

Um cheirete do catano

Que me fez arrepiar.



É solene este momento

E por isso decidi

Deixar no meu testamento

Não só as notas de mil

Mas os peidos que largar

Quando esticar o pernil.



É pouco? Olhó caraças!

Vão ter com o Félix Bagão,

Prometeu saldar as contas

E vejam como elas estão!



De política não falo,

Vou morrer…já não me ralo…



Só quero testamentar

Este pouco que aqui junto

P’ra  despedir o Governo

Que está como eu, já defunto.



Gostavas de passeatas?

Pu…ras donzelas na cama?

Mas não te queixes, ó Lopes,

O mau foi teres essa fama.

Pode ser qu’inda te safes

O povo tem má memória…

Deixo-te um ponto final

Numa página da História!



O que ganhei derreti

Na gandaia… bebedeiras…

Por isso só deixo aqui

O que sobrou das asneiras.

Tudo lego aos torrienses

Que não  levarão a mal

Els são donos do Entrudo

O melhor de Portugal.



Comecemos pois a ditar

Tudo quanto vou legar.




Ao Valdemar Neves mecenas

Do Barrete no Entrudo,

Deixo uma caixa de Scotch

E um peido com gelo e tudo.



Ao José Pedro Sobreiro

Exímio desenhador

Aqui fica o meu tinteiro

E um peido no estirador.



Ao Carlos Ferreira eu juro,

Por ser homem dedicado,

Deixar tudo bem seguro

E um peido em muito bom estado.



Ao senhor José Almendro

Quando aqui chega cansado

Deixo um novo coração

E um peido já transplantado.



Ao Carlos Bartolomeu

Mais o seu computador

Deixo um boné p’rà careca

E um peido de grande fragor.



Para o Daniel Abreu

Curador das equimoses

Deixo um osso que era meu

E um peido cheio de artroses.



Com o Moedas Duarte

Terei de ser solidário:

Deixo mais inspiração

E o meu peido literário!



Ao senhor Jaime Umbelino

O testamento é assim:

As regras do Português

E um peido a falar latim.


Ao senhor  Andrade Santos

Aqui fica um obrigado

Por tanto nos fazer rir

Quando não fica calado

(E para se não queixar:

Um peido bem aviado.)



Para o jornal Badaladas

Um legado de feição:

Uma sede mais moderna

E um peido em primeira mão.



O Frente Oeste não escapa

Deste legado banal:

Deixo dez quilos de prosa

E um peido editorial.



Para o Estafeta coitado

Que tão breve se finou

Fica a pazada de cal

E um peido que me sobrou.



À Tuna já centenária

A quem a vida não cansa

Deixo à sua Lucilina

Um peido em passo de dança.



Ao nosso Teatro-Cine

E antes que a vontade mude,

Deixo um ciclo de cinema

E um peido de Hollywood.



Aos Bombeiros torrienses

um testamento solene:

poucos fogos p’ra apagar

e um peido em vez da sirene.



Destinado à nossa Banda

Envio por um gigantone

Dieta para o maestro

E um peido pelo trombone.



Ao Grémio Comercial

Deixo de caras, nas calmas,

Parabéns pelo trabalho

E um peido com muitas palmas.



Ao amigo Espeleo-Clube

Deixo uma coisa bem bruta:

Uma mola p’ró nariz

P’ra quem se peidar na gruta!



Vou deixar ao Património

Aquilo que me foi dado:

Mais uma demolição

De um peido classificado!



Para aquela associação

Que viaja sempre sem mim,

Deixo a reserva já feita

E um peido em forma de ASSIM.



À Cooperativa de Cultura

Creio que não fica mal

Deixar mais exposições

E um peido experimental.



À Camerata Vocal

Um legado definido:

Uma viagem musical

E um peido em fa sustenido.



E aos da Távola que arRasa

Nos palcos desta cidade,

Deixo como reportório

peidos da terceira idade.



Para os Amigos de Torres:

Não sei que deixar aos tais,

Se um peido com falta de ideias,

Se ideias com peidos a mais!



Ao Torriense já custa

Tanta dança e contra-dança:

Deixo o estádio hipotecado

E um peido a ponta de lança!.



Aos Rotários vou deixar

Este legado sem tino:

Discursos para o jantar

E um peido ao toque do sino.



Ao Presidente da Câmara

Aqui lhe deixo um bom furo:

Um gaio já sem moinho

E um peido encostado ao muro!



Aos senhores da  Oposição

Tenham muita paciência:

Em ano de votação,

Um peido de resistência!



Aos arquitectos da Câmara

Eis aqui o meu legado:

Um PDM já feito

E um peido mal projectado.



Ao Pelouro da Cultura

Eu penso que é boa malha

Deixar verbas p’rós subsídios

E um peido p’ró Jorge Ralha.



ou:



Ao pelouro da Cultura

Eu penso que é natural

Deixar verbas p’ra subsídios

E um peido bem cultural.



Para o sector das Obras

Este legado bem fino:

Luvas vazias nas mãos

Mais um peido clandestino!



O vereador do Mercado

Entra agora nesta liça:

Dou-lhe em paga do terrado

Um peido com hortaliça.



Para o vereador do Trânsito

Com quem a malta refila,

Deixo carros a apitar

E um peido em segunda fila.


Ao vereador do Turismo

Não encontro melhor sorte:

Deixo montes de turistas

E um peido num belo resort.



Ao edil dos Cemitérios

Eu brindo agora com Porto:

Deus lhe dê muita saúde

E um peido a cheirar a morto.



E a quem fala mal dos outros

Um bom legado lhes toca:

Metros de fita adesiva

E um peido a calar a boca!




Estou sequinho de todo

Já sem guita, sem cordel.

Esperavam enriquecer?

Leram mal este papel...

Havia pouco a esperar

Num testamento da treta.

Ponho-me já a cavar,

Seja a pé ou de lambreta,

Que é mesmo de me bazar

Deste país de opereta.



P’ró ano, se faz favor,

E não querem ficar mal,

Contratem um morto melhor

Que dê um peido maior

No enterro do Carnaval!