30 junho 2010

NA FEIRA de S. PEDRO 2010


Maqueta do reduto nº 20 do Forte de S. Vicente,  escala de 1/72, construída pelo Zé Pedro Sobreiro e o Carlos Ferreira. Trabalho bonito e motivador de muitas conversas com os visitantes.




O olhar curioso dos meninos é o melhor prémio para um trabalho de muitas dezenas de horas, ao longo de muitos serões...


23 junho 2010

FEIRA DE S. PEDRO











A nossa Associação vai estar presente.
Qual será a surpresa deste ano?
Deu muito trabalho... O Carlos Ferreira e o Zé Pedro que digam.
O melhor será ir lá ver. Estamos no Pavilhão multi-usos, o que fica mais próximo do Mercado Municipal.

16 junho 2010

UM TEXTO OPORTUNO



Retirámos DAQUI este texto que nos parece oportuno e relevante. Porque estamos em Junho... E porque se trata de património cultural.

Festas juninas – De Portugal ao Nordeste


Artigos • Nacional • 23 de maio de 2010 por Silvana Losekann

Professor da UFPB, Severino Alves de Lucena Filho traça um paralelo entre as festas juninas do Nordeste de hoje com as festas dos santos populares de Lisboa (Portugal), que passa pelo mesmo processo de modernização.

As festas juninas são uma herança pré-cristã, cujas marcas ainda são visíveis, apesar da ação da hierarquia da Igreja Católica para cristianizar as comemorações do equinócio. Sublinha-se a migração de portugueses para o Brasil que determinou a releitura da festa levando em consideração as condições ecológicas do hemisfério sul. A dinâmica cultural em ambas as margens do Atlântico determinou mudanças nas comemorações juninas a fim de compatibilizar com a sociedade atual no contexto da globalização, com a mudança de valores de forma acelerada.

Sublinha-se que no Brasil e em Portugal os eventos em louvor aos Santos Populares são concebidos como a uma festa urbana em constante movimento de criação, recriação, apropriações e conservação da tradição e como um acontecimento regional e construtor de identidades. Um acontecimento, não apenas para ser vivido, mas, sobretudo para ser visto e consumido pelas comunidades e visitantes durantes as festas do ciclo junino.

Nas folias juninas no Nordeste do Brasil, além das cerimônias religiosas, do banquete junino destacam-se as danças que se tornaram a mais expressiva manifestação folclórica, buscando preservar marcas da cultura popular rural, ao mesmo tempo em que se vive a modernização, percebida nos trajes, nas músicas e, em especial, nas coreografias modernosas.

As danças vivenciadas no ciclo de São João são uma das características mais marcantes dos festejos juninos. Referimo-nos entre outras, à quadrilha, o baião, o xaxado, o xote, o coco, o forró e o arrasta-pé. Estas são apresentadas em grupos de danças ou mostradas de forma espontânea nas comunidades, com objetivos de entretenimento e comemoração.

A quadrilha se destaca por ser um dos símbolos mais constantes no evento do ciclo junino. Esta dança, de origem europeia, chegou ao Brasil trazida pelos colonizadores portugueses. Era uma dança de elite, formada nos salões dos palácios. Depois desceu as escadarias do palácio e caiu no gosto popular, sofrendo várias modificações estética, musical e coreográfica.

A quadrilha é o baile de comemoração do casamento. Esta representação inseriu-se na dinâmica da cultura, passando por criações e recriações estabelecendo certa tradição como forma de preservar as origens, embora contaminada pela modernização pelo poder da mídia, do capitalismo.

As centenas de quadrilhas juninas na atualidade se apresentam durantes as festas do ciclo junino no Nordeste do Brasil como operetas com performances carnavalizadas para atender as exigências das empresas de comunicação organizadoras dos festivais de quadrilhas em níveis nacional, regional e municipal.

Nesse contexto de apropriações e refuncionalização dos elementos da cultura rural, sublinha-se que não devemos ter uma visão radical e saudosista com relação à manifestação segundo a tradição. È importante levarmos em consideração o momento de grandes transformações culturais. Registra-se também que elas promovem a aglutinação da juventude nas periferias como também a valorização, a inclusão social além de movimentarem a roda da economia do mercado informal na comunidade onde atuam.

Em Portugal, as festas em louvor dos Santos Populares (Santo Antônio, São João e São Pedro) festejam-se durante o mês de junho. Em especial, a de Santo Antônio é o maior acontecimento etnográfico lisboeta. Lisboa à luz destes festejos populares se constitue em um mosaico de vários elementos marcantes da urbanidade e das marcas cotidianas que habitam nos lugares, ruas, vielas, escadas que a edificam na singularidade de todas suas gentes e de todas as suas crenças.

As marchas populares, que constituem o ponto alto dos festejos em comemoração a Santo Antônio, são um evento aglutinador de centenas de pessoas, forças vivas da cidade constituídas pelas coletividades, marchantes, ensaiadores, coreógrafos, figurinistas, músicos e as estrelas anônimas dos bairros que, na sua dedicação e empenho, permitem a continuidade deste acontecimento cultural popular. Trata-se, enfim, de um conjunto de pessoas unidas pelo seu amor ao bairro onde vivem e que cada marcha representa. As festas que na sua origem aconteciam ao redor da Sé, Alfama e do Castelo na cidade de Lisboa, alargaram-se aos novos espaços urbanos.

O registro histórico relata que o primeiro concurso das marchas populares de Lisboa foi promovido pelo Diário de Lisboa e pelo Noticias Ilustrado no ano de 1932. Sublinha-se que o evento das marchas populares teve, desde a sua origem, a participação de veículos de comunicação de massa e a visão empreendedora de portugueses comprometidos com a criação de espaços de entretenimento com foco nas referências da cultura popular lisboeta além do seu aspecto comercial, que desde sua gênese teve patrocínios de empresas públicas e privadas.

O exemplo das 22 marchas populares em homenagem a Santo Antônio em Lisboa e das centenas de Quadrilhas Juninas no Nordeste do Brasil são, sem dúvida, um dos grandes ícones das festas dos santos juninos. Elas integram o cenário da festa numa perspectiva plural e diversificada em seu contexto organizacional, de mobilização e envolvimento da comunidade que representam. Elas se reinventam para assumir novos sentidos preservar marcas da tradição e criam novas linguagens e maneiras de se comunicar e motivar seus públicos alvos. Elas ajudam na composição da espetacularização da festa, são uma importante referência no universo do imaginário e discursivo na fabricação da festa junina nos espaços urbanos onde são vivenciados e representados.

Os megaeventos como a Festa dos Santos Populares em Portugal e dos Festejos Juninos no Nordeste do Brasil são espetáculos em que empresas públicas e privadas participam como organizadoras e patrocinadoras contribuindo para a criação de uma apresentação e refuncionalização da tradição. Buscam também edificar uma relação comunicacional nas quais exibem, via imagens, os produtos e serviços junto aos diferentes públicos, através de representações comunicativas simbólicas, onde o passado, o presente e o futuro são visibilizados como espetáculos em cenários multiculturais.

Evidenciamos que, no contexto das interfaces culturais tanto no Brasil como em Portugal, as festas populares do ciclo junino, nos espaços urbanos, são planejadas, montadas, executadas e comemoradas a partir das noções de pertencimento e de identidade da festa como uma marca cultural da cidade e como atração para o turismo cultural em níveis regional, nacional e internacional, onde a tradição e a modernidade convivem de maneira harmônica em uma mesma temporalidade espacial.

Severino Alves de Lucena Filho é professor do Departamento de Comunicação e Turismo da Universidade Federal da Paraíba. Pesquisador da Rede Brasileira de Folkcomunicação. Pos-Doutor pelo Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro em Portugal.



11 junho 2010

O PATRIMÓNIO É PASSADO OU É FUTURO?




O que é o património? Eis algumas respostas simples, por Simon Thurley


No mesmo dia em que a arquitecta Teresa Adresen escrevia o artigo destacado na última entrada, o Jornal Público trazia na secção cultura uma entrevista com Simon Thurley, presidente do English Heritage (homólogo do nosso IPPAR) . A entrevista não contém nada de surpreendentemente inovador, mas a forma simples como um alto responsável pelo património britânico coloca as coisas merece ficar em memória no vistas. Mais não seja porque nesta, como em tantas outras matérias, o esquecimento é um dos nossos principais dramas.

Aqui fica então o excerto que mais gostei de ler (a entrevista na integra, fica em copia no corpo da entrada):

(...)

Público: Qual é o vosso principal objectivo?

Simon Thurley: Garantir que o "ambiente histórico" é passado às gerações futuras tal como chegou até nós ou melhor. Passamos muito tempo a identificar os bens que queremos salvar e as soluções para a sua conservação.

Público: O que é que quer dizer exactamente com "ambiente histórico"?

Simon Thurley: Preferimos usar "ambiente histórico" porque abarca tudo: paisagens,

jardins, parques, sítios arqueológicos, edifícios medievais, palácios

do século XVIII, arranha-céus dos anos 60.

(..)

Público: O que é que define o património?

Simon Thurley: As pessoas. Há dois erros comuns no que diz respeito ao património. O primeiro é pensar que é sobre edifícios - é sobre as pessoas e o que elas investem nos tijolos. O segundo é pensar que é sobre o passado -é sobre o futuro, o que ficará depois de nós desaparecermos.

(...)

Por outras palavras, O que é o Património? Aquilo que uma dada geração considera dever ser deixado para o futuro. Nesta formulação, é evidente que as responsabilidades não dizem apenas respeito a entidades publicas. dizem respeito a todos per si, e nesta matéria desconfio que os Portugueses pretendem de facto deixar muito pouco.

PÚBLICO - EDIÇÃO IMPRESSA - CULTURA

Director: José Manuel Fernandes

Directores-adjuntos: Nuno Pacheco e Manuel Carvalho

POL nº 5475
Terça, 22 de Março de 2005

"É a mudança que cria a história"

O presidente do English Heritage, o instituto britânico do património,

esteve em Portugal. Simon Thurley diz que o grande desafio é convencer

as pessoas a não trabalharem contra o desenvolvimento económico.

Para este especialista, "o património são as pessoas". E o futuro.

Por Lucinda Canelas

Simon Thurley, o presidente do English Heritage, o equivalente

britânico ao Instituto Português do Património Arquitectónico (Ippar),

esteve três dias em Portugal a visitar mosteiros e palácios. Ippar e

English Heritage assinaram um protocolo de cooperação porque, segundo

Thurley, têm muito a aprender um com o outro. Não é para menos:

Portugal e o Reino Unido nunca trabalharam juntos nesta área.

Thurley, 42 anos, dirige desde 2002 um dos maiores e mais conceituados

institutos do património do mundo - é responsável por mais de 400

monumentos e sítios, recebe do governo 177 milhões de euros por ano e

tem 11 milhões de visitantes.

Ex-director do Museu de Londres, Thurley diz que os britânicos se

interessam cada vez mais pelo património e que os organismos que o

tutelam se devem preocupar mais em "gerir a mudança" do que em tentar

impedir que ela aconteça. "O património são as pessoas e o que elas

investem nos tijolos."

É autor de livros sobre edifícios históricos e, considerado um

comunicador nato, já fez vários programas de televisão para a BBC

sobre património. Um deles, no ano passado, foi visto por mais de 1,5

milhões de pessoas. Um homem que fala da necessidade de comunicar e

ter lucro sem complexos.

PÚBLICO - O que é que aproxima o English Heritage e o Ippar?

SIMON THURLEY - O English Heritage já trabalhou com todos os países da

Europa dos 15 à excepção de Portugal, o que é muito estranho. Pelo que

pude perceber, são provavelmente mais parecidos que qualquer outras

duas organização de património da Europa: ambos têm de cuidar de

monumentos, classificar edifícios e planear.

Que projectos quer realizar com o Ippar?

Ainda é cedo para adiantar pormenores. A maioria dos sítios do English

Heritage são muito mais comerciais do que os do Ippar. E nós temos

muito a aprender com a forma como o Ippar classifica os edifícios.

Em que medida?

Em Portugal, o processo de classificação é público, o proprietário é

consultado. Em Inglaterra tudo é feito em segredo. Só se sabe que o

edifício foi classificado quando o proprietário recebe uma carta. Não

devia ser assim. O sistema português, que é mais discutido, é melhor,

apesar de mais burocrático.

No Reino Unido quanto tempo demora classificar um edifício?

Uma semana, um mês...

Em Portugal pode levar dez anos...

É um dos custos da consulta pública. Gostávamos de ter um sistema que

não fosse tão lento como o vosso mas igualmente aberto.

Qual é o vosso principal objectivo?

Garantir que o "ambiente histórico" é passado às gerações futuras tal

como chegou até nós ou melhor. Passamos muito tempo a identificar os

bens que queremos salvar e as soluções para a sua conservação.

O que é que quer dizer exactamente com "ambiente histórico"?

Preferimos usar "ambiente histórico" porque abarca tudo: paisagens,

jardins, parques, sítios arqueológicos, edifícios medievais, palácios

do século XVIII, arranha-céus dos anos 60.

Quantos bens têm de gerir?

Temos 420 sítios de gestão directa abertos ao público. Mas temos cerca

de 400 mil edifícios classificados e 30 mil sítios arqueológicos.

Quais são os principais desafios que o património britânico enfrenta?

A Inglaterra está a atravessar um período de profundas transformações

económicas, o que cria uma grande pressão nas infra-estruturas:

estradas, aeroportos. Todos estes equipamentos têm potencial para

afectar o património. O nosso desafio é fazer com que estas

transformações melhorem o "ambiente histórico".

Qual é a chave para conciliar "ambiente histórico" e desenvolvimento económico?

Convencer as pessoas de que é melhor trabalhar com o "ambiente

histórico" do que contra ele.

O financiamento não é um problema?

É um problema enorme. Este ano recebemos do Governo 177 milhões de

euros e tivemos de receitas próprias 72,4 milhões. Mas as

contribuições do Governo estiveram congeladas durante dez anos...

Os trabalhistas apoiam o património?

Não temos sido bem financiados, mas espero que no futuro venhamos a

ser porque o nosso trabalho é reconhecido assim como o papel social do

património.

Qual é o vosso ponto forte?

A mais-valia está na nossa grande experiência comercial. O sistema de

protecção do património costumava ser um dos mais avançados. Hoje não

é. É por isso que é preciso reformá-lo.

Que reforma é essa?

A conservação tinha a ver com preservação - impedir que as coisas

acontecessem. O que queremos agora é mudar a forma como as pessoas

pensam a conservação - ela tem sobretudo a ver com a gestão da

mudança. É ela que cria a história e, por isso, o "ambiente

histórico". Temos de ajudar as pessoas, que se interessam cada vez

mais pelo património, a aceitar a mudança.

Como é que explica esse interesse?

Com a própria mudança. O desenvolvimento económico faz com que as

pessoas olhem para trás à procura do que é permanente.

O que é que define o património?

As pessoas. Há dois erros comuns no que diz respeito ao património. O

primeiro é pensar que é sobre edifícios - é sobre as pessoas e o que

elas investem nos tijolos. O segundo é pensar que é sobre o passado -

é sobre o futuro, o que ficará depois de nós desaparecermos.

LIMPEZA DA COSTA

Desenho das camisolas que foram distribuídas pelos participantes



Quando há semanas se falou tanto no dia de LIMPAR PORTUGAL nós por aqui sorrimos de satisfação. É que a Associação de Defesa do Património e o Espeleo-Clube, ambos de Torres Vedras, lançaram há 15 anos uma iniciativa: a limpeza da costa, normalmente no dia mundial do Ambiente, em Junho ou em data próxima.As escolas do concelho aderiram com entusiasmo, a Câmara Municipal disponibilzou meios e a iniciativa passou a realizar-se todos os anos. Este foi o 15º do chamado COSTA VIVA.
Muitas dezenas de jovens percorreran as dunas e as arribas de Santa Rita e do Seixo, a recolherem lixo. No final houve um almoço no pinhal de Santa Cruz.

Uma evidência: a quantidade de lixo tem vindo a diminuir de ano para ano. Isso deve-se às campanhas de sensibilização e a estas iniciativas persistentes.

Algumas fotos deste ano, no dia 7 de Junho:


















Belíssima foto do Paulo Carocinho, a mostrar a fauna e a flora das dunas.