08 outubro 2010

Reportagem do BADALADAS - 8 OUT 2010



Encontro sobre património da ADDPCTV

TORRES VEDRAS TEM NOVE MONUMENTOS NACIONAIS

Joaquim Ribeiro

"Hoje todos os autarcas gostam muito de di­zer que têm um monumento no seu território, mas as questões do património continuam a ser muito mal tratadas", afirmou Joaquim Moedas Duarte, da direcção da Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras (ADDPCTV), du­rante a sessão intitulada "Mo(nu)mentos da Memória. Ver e ler o nosso património", que decorreu no passado dia 24 de Setembro no auditório municipal de Torres Vedras.
O encontro não teve muito público pre­sente, mas os poucos animaram o debate que se seguiu à apresentação dos nove mo­numentos nacionais torrienses, alguns desco­nhecidos da maior parte da população. Uma sessão dirigida ainda por José Pedro Sobreiro e também pelos poemas declamados de Luís Filipe Rodrigues, ambos da direcção da asso­ciação, integrada nas Jornadas Europeias do Património. No domingo houve mais duas iniciativas, de manhã um passeio pedestre e à tarde uma visita-guiada à igreja de São Pe­dro. Refira-se que a ADDPCTV foi fundada em 1979 precisamente para defender o pa­trimónio de Torres Vedras e conta actualmente com 130 associados.
Dos nove monumentos nacionais do ter­ritório torriense, seis estão classificados como património arquitectónico. Os elementos ro­mânicos da igreja de Santa Maria do Castelo são um deles, datados de 1208 e ainda hoje podem ser apreciados, apesar das sucessivas modificações ao longo dos séculos. Uma classificação que, contudo, não se aplica a to­do o castelo. Outro monumento nacional é a ermida de Nossa Senhora do Ameal, no Choupal, do século XIV, também ela alvo de várias obras ao longo do tempo. O chafariz dos Canos é outro, fonte gótica do século XIV, uma verdadeira relíquia nacional, única em Portugal e muito rara em toda a Europa, que, contudo, segundo a ADDPCTV, tem sido muito mal tratada. A completar esse lote de monumentos nacionais está ainda a igreja de São Pedro, restaurada no século XVI, com portal manuelino de 1712 e porta lateral qui­nhentista. Os outros dois monumentos são o aqueduto de Torres Vedras, que servia para abastecer o chafariz dos Canos, remodelado na segunda metade do século XVI; e o mos­teiro do Varatojo, mandado construir em 1470 por Dom Afonso V como pagamento de uma promessa a Santo António, onde se destaca o portal gótico.
Há depois três monumentos nacionais do património arqueológico: o castro do Zam­bujal, povoado fortificado pré-histórico des­coberto em 1938 por Leonel Trindade; o tholos do Barro ou da Pena, monumento fu­nerário do Eneolítico descoberto em 1909; e a gruta artificial da época Calcolítica da Ermegeira (Maxial), estrutura funerária desco­berta em 1930, onde se descobriu um par de brincos em ouro, seguramente o menos co­nhecido deste lote dos nove monumentos nacionais de Torres Vedras.
Da discussão que se seguiu realce para a sugestão de se criar um centro interpretativo junto ao chafariz dos Canos e o resto das muralhas da porta da Corredoura. Também foi dito que Torres Vedras tem três dos mais antigos relógios mecânicos do país: Varatojo, Castelo e Graça. Para além dos monumentos nacionais, o concelho é rico em património, com um vasto conjunto de edificações classi­ficadas, cuja lista pode ser consultada em: http://patrimoniodetorresvedras.blogspot. com.

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