O PATRIMÓNIO NÃO PODE SER SÓ O CHAFARIZ DOS CANOS
«O título pode induzir em erro, mas não é nossa intenção emitir opinião contrária ao anúncio efectuado por Carlos Bernardes, vice-presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, formulado no encontro promovido pela Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras, nos primeiros dias do passado mês de Dezembro. No qual foi anunciado o lançamento do concurso por parte da Câmara Municipal, ainda naquele mês, para a recuperação não só do chafariz mas também de toda a zona do largo infante Dom Henrique, com um orçamento de 360 mil euros.
Com certeza que se concorda com a requalificação desse monumento, que juntamente com o aqueduto são ímpares na cidade de Torres Vedras e fazemos votos para que a obra cumpra os prazos previstos e que no futuro seja um local digno de encontro dos torrienses e dos que nos visitam. Mas também gostaríamos que os organismos públicos, apoiados por professores, historiadores, intelectuais e a tão necessária opinião pública dessem ênfase ao tão pouco lembrado património rural, onde aldeias, lugares, quintas e casais escondem e ao mesmo tempo marcam as nossas verdadeiras raízes.
Gostaríamos de uma maior visibilidade nos fontanários, minas de água e lavadouros, muitos deles tapados com caniços e silvas e em que muitos cruzeiros, coretos e pontes romanas precisam de arranjos urgentes, bem como igrejas, paços e antigos conventos, assim como casas senhoriais, palacetes e as adegas que ainda restam.
Terminamos não sem antes e se nos permitem ditar um sonho, que era juntar todo esse valioso património a uma actividade também ela nosso património, que é a cultura do vinho e da vinha, que se mantém em actividade embora em anos de transição (do granel sem qualidade para o engarrafado com qualidade e certificado), com parcerias e investimentos públicos e privados se conseguiria relançar o nosso interior rural.
Estamos certos que qualquer torriense, quer ele esteja junto ao mar, na cidade ou no interior, também o deseja mais moderno, visitado e vivido, com a sua actividade agrícola enaltecida, à semelhança de outras regiões vitivinícolas europeias.»
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O ponto de partida deste texto foi a reportagem do jornal BADALADAS de 24 de Dezembro de 2010 que reproduzimos em imagem scanizada:
(Clicar para aumentar)
O vasto e variado Património espalhado pelo nosso concelho é uma das nossas preocupações. Não o temos referido porque o grupo de trabalho é muito pequeno e não conseguimos chegar até onde gostaríamos. Há um vasto campo de acção, a começar por levantamentos fotográficos actualizados e de qualidade, inventariação e catalogação dos espécimes, passos iniciais necessários para a preservação. Já há coisas feitas nesse campo, mas falta uma coordenação geral e articulada com os poderes autárquicos.
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