(Fotos de J Moedas Duarte, 2010)
Leia-se a discrição:
ERMIDA DE NOSSA SENHORA DO SOCORRO
«Quem se desloque pelas estradas dos concelhos de Torres Vedras, Sobral de Monte Agraço ou Mafra contorna sempre o monte do Socorro, cuja enorme e escalvada massa, coroada pela alva capela, é como que um eixo de toda esta região estremenha. Demais, a estrema dos concelhos de Mafra c Torres Vedras passa pelo cume do monte, dividindo as próprias edificações, donde resulta ficar a ermida a pertencer à freguesia de Enxara do Bispo.
A vista que do seu eminente eirado se desfruta é como se fora de avião, cimeira aos povoados e vilas e acidentes orográficos, estendida desde Peniche até às torres do Convento de Mafra, que surgem por detrás de altos cabeços como mastros de um navio a dobrar o horizonte...
Embora haja uma velha tradição de mesquita moura, o certo é que a actual capela é apenas uma sugestiva construção gótico-manuelina. A sua estreita e obscura nave é coberta por uma abóbada de dois tramos de grossas nervuras chanfradas, com bocetes de rosetas, um deles com serpentes entrelaçadas. Os capitéis e mísulas são de tipo manuelino, no ornato de grossas cadeias horizontais. A porta lateral tem, na face que daria para o primitivo exterior, um recorte manuelino. O púlpito setecentista, de laje de mármores rosado, completa-se por uma bojuda varanda de madeira. A pia de água benta é cúbica e de pedra, assente num colunelo.
A capela-mor, precedida por pequena e boa teia de mármores, é de planta quadrada, cortada nos cantos por nichos e pequenos silhares de azulejos. Cruzam a abóbada duas nervuras modificadas por posteriores remodelações. Nas paredes, os silhares de azulejos azuis e brancos representam, em quatro painéis, os Evangelistas. 0 retábulo de talha é naturalmente pequeno mas cuidado, de quatro colunelos salomónicos e exíguos nichos de baldaquinos com sanefas nos intercolúnios, onde se veneram as imagens de S. Joaquim e Santa Ana. A imagem de Nossa Senhora do Socorro, com o Menino, e uma pequeníssima pomba na mão, está muito repintada. O frontal de altar, pintado, imita um velho tecido.
Cobre a sacristia uma abóbada baixa de nervuras cruzadas que assentam sobre mísulas em forma de pirâmides invertidas. No bocete esculpiu-se uma cruz emoldurada por uma corda. 0 pequeno lavabo é de mármores do século XVII.
Antecede a capela uma galilé de abóbada de berço, posterior à sua construção. A porta principal foi refeita, conforme a inscrição datada de 1820.
A tradicional festa ocorre a 5 de Agosto. Para os romeiros existem, à volta da ermida, casas antigas e outras mais recentes.»
(In: Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa – Torres Vedras, Lourinhã e Sobral de Tem Agraço – Junta Distrital de Lisboa, 1963)
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