QUE FUTURO PARA O CENTRO HISTÓRICO (
I Parte )
HUGO PEDRO
( Estudante mestrado em arquitectura )
Caro leitor, escrevo este primeiro
texto como morador / utilizador comum do Centro Histórico de Torres Vedras e
com a preocupação de qual o seu futuro nas próximas décadas. Será que podemos
imaginar um futuro risonho? Claro que sim, cabendo-nos a nós, torrienses, a
tarefa de tornar auspicioso o futuro e em cada dia usufruir do espaço herdado
dos nossos antepassados, renovando ideias, vivências e sentimentos.
Depois de 26 anos a residir no Centro
Histórico, ao mudar de residência tentei manter-me ligado a esta zona pois
considero um sítio de grande inspiração para jovens casais. Porém, tal veio a
tornar-se inviável pelas condições pouco adequadas que o imóvel alugado
apresentava, tendo ainda como agravante o elevado valor mensal da renda. Assim
perdi a possibilidade de continuar a desfrutar da vista solarenga do largo
Coronel Morais Sarmento sobre a cidade.
Não só a degradação de um grande
número de edifícios me inquieta, mas também o envelhecimento da população
residente. Tenho verificado uma forte quebra na renovação de gerações no espaço
do Centro Histórico, sendo muitos os que tenho visto desaparecer. Assim, ao
herdarem dos seus antepassados o sítio – criando ideias, vivências e sentimentos
– partem, deixando a imagem de um Centro Histórico cheio de potencialidades a
ser redescoberto por novos indivíduos. São poucos a ousarem residir neste local
pois, tal como tenho vindo a observar, as condições que encontramos não se
adequam às novas exigências, isto na maioria dos casos, subsistindo a
necessidade de procura de melhores condições habitacionais.
Preferi manter a minha residência no centro da
cidade, ao invés da periferia onde se situam urbanizações que um grande número
de indivíduos elege para viver, porque por norma, sendo apartamentos recentes,
têm rendas mais económicas e a sua localização facilita o estacionamento e o acesso
a auto estradas e a centros comerciais. Apesar de criar uma enorme dependência
de veículos motorizados para qualquer deslocação.
Atrair pessoas – através da
requalificação dos edifícios e da melhoria das condições de habitabilidade –
pode ser um passo importante para que a periferia deixe de ser a solução e
volte a existir a preferência pelo Centro Histórico. Mas para tal temos de
passar da teoria à prática. Será possível investir na reabilitação destes
imóveis e obter a melhor solução possível? Existem exemplos de sucesso
aplicados em outras cidades portuguesas ou estrangeiras? A que escala deve ser
pensado o nosso Centro Histórico? No próximo texto argumentarei até que escala
devemos pensar nos residentes, nos comerciantes, nos utentes e sobretudo nos imóveis
do Centro Histórico de Torres Vedras.
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