11 setembro 2012

PATRIMÓNIOS no jornal BADALADAS

Publicado em 18 de Maio de 2012



QUE FUTURO PARA O CENTRO HISTÓRICO
Parte II
Hugo Pedro, estudante mestrado em arquitectura

Desde já agradeço o convite em poder partilhar com o leitor a forma como penso e vivo o Centro Histórico de Torres Vedras..
Na sequência do meu artigo introdutório, a problemática da escala que importa analisar relativamente ao Centro Histórico foi iniciada em 2010, com a revisão do Plano de Pormenor de Reabilitação do Centro Histórico de Torres Vedras (PPRCHTV). Com este instrumento é possível entender a estrutura socioeconómica, saber o verdadeiro estado de conservação dos imóveis, a sua classificação, e quais as condicionantes que os afectam. Mas este é apenas o ponto de partida, porque é necessário raciocinar tendo em conta a “micro” escala, isto é, sendo cada caso individualizado, pois,  se nenhum habitante é igual ao outro, o mesmo acontece com os imóveis. Entendo que está nas mãos dos proprietários cuidar dos imóveis que possuem no Centro Histórico, apesar de serem urgentes os incentivos públicos (do Estado ou da Câmara Municipal), não só financeiros, como também de promoção e mediação entre os responsáveis de projecto, os agentes imobiliários e os profissionais da construção – e sempre em articulação com os respectivos proprietários. Em caso de abandono, desinteresse ou desconhecimento por parte do dono do imóvel, então haverá necessidade de uma intervenção da Câmara Municipal, ou na aquisição e em assumir a tarefa da sua reabilitação.
Em arquitectura o projecto é único e a “micro” escala refere-se à necessidade de desenvolver todo o projecto de reabilitação, nomeadamente, até às tarefas de escolha dos materiais, ao pormenor de remate de um vão, às técnicas de construção a aplicar, isto é, até ser ultimada a fase de projecto de execução. Assim, com o projecto de execução de arquitectura são desenhados – em consonância com os projectos de engenharia – todos os pormenores necessários para a construção, permitindo-se definir com rigor os materiais e as suas condições de aplicação e execução, auxiliando assim o empreiteiro em obra. O mapa de trabalhos deve ser incluído nesta fase, com o intuito de apoiar o empreiteiro a fornecer um orçamento sobre todos os trabalhos necessários. Com este nível de rigor obteremos um maior controlo financeiro sobre a obra e uma previsão antecipada de custos.
Assim, os proprietários de imóveis no Centro Histórico, ao reabilitá-los, beneficiarão com o investimento no projecto de execução, não só no melhoramento das condições de habitabilidade, como na sua classificação.
Com este estímulo anseio pelo dia em que sejam recuperados os imóveis que se encontram por agora adormecidos.

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