30 setembro 2011

BREVE EVOCAÇÃO DE JAIME UMBELINO

Em Dezembro de 2004 encontrei-me com Jaime Umbelino para uma conversa preparatória da página LUGAR ONDE que viria a ser publicada no jornal "Badaladas" em Fevereiro de 2005.


No Café Império, Dezº 2004

Conversa muito agradável, no Império e depois pela rua abaixo, até à porta de sua casa, onde lhe tirei as últimas fotos. "Não o convido a entrar porque isto está uma grande desarrumação ..." - desculpou-se à despedida.


Jaime Umbelino à porta de sua casa, Dezembro de 2004


No café já me havia oferecido alguns dos seus livros autografados e falara longamente da sua vida em Torres Vedras. Veio ao de cimo, várias vezes, um traço particular de que já me haviam falado: um senso crítico, por vezes exacerbado,  em relação a algumas pessoas  e acontecimentos, que relatava com um sorriso malicioso. Era um poço de memórias, de que deixou marcas no MIRANTE.
Queixou-se várias vezes da garganta e falava com alguma dificuldade. Eram os primeiros sintomas do mal que haveria de levá-lo no dia 17 de fevereiro de 2007.

Notícia necrológica

Deixo aqui esta breve evocação, agora que a sua casa, por ele doada à Câmara Municipal, tem sido motivo de alguma polémica.

* * *

JAIME UMBELINO
ESBOÇO BIOGRÁFICO *


Jaime Jorge Umbelino nasceu na Foz do Arelho, em 5 de Março de 1916. Com a vinda da família para Torres Vedras, tornou-se torriense com apenas 4 anos de idade.
Primeiro filho de uma série de irmãos, era ainda muito jovem quando se deparou com o encargo de toda a família. Com 19 anos iniciou a sua carreira de escri­turário na Conservatória do Registo Civil de Torres Vedras, na época localizada no andar superior do Convento da Graça. Foi desse "mirante" privilegiado, sobre a então vila, que o autor teceu as suas conhecidas crónicas e artigos, publicados na Imprensa local e agora coligidos nesta obra.
Entre a crítica humorística, a sensibilidade poética e a descrição realista de diver­sos problemas sociais, Jaime Umbelino permite-nos, nesta obra, reconhecer os traços mais característicos da sociedade torriense nos meados do Século. Apesar da responsabilidade familiar que herdara e dos seus compromissos profissionais, Jaime Umbelino conseguiu, com bastante sacrifício e determi­nação, licenciar-se em Filologia Românica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Passou então a dedicar-se ao ensino liceal e técnico. Respeitável pedagogo, o Dr. Jaime Umbelino, instruiu milhares de alunos de toda a região e ainda hoje se man­tém "no ativo", lecionando aulas particulares de latim e de língua portuguesa. Foi um dos fundadores do Jornal "Badaladas", a par do Pe. Joaquim Maria de Sousa, e Diretor do Jornal do Torriense.
Dirigiu a Biblioteca de Torres Vedras e participou muito ativamente em diversas obras de carácter social e assistencial.
Tem publicadas as seguintes obras: "A Quadra Popular no Azulejo"; "De Turres Veteras a Torres Vedras (Estudo Etimológico), As Esferas Armilares do Castelo de Torres Vedras (interpretação de uma sigla), O Foral de D. Afonso III" e "Musa Antiga - Sonetos". No prelo encontra-se "A Língua Portuguesa" - um volume que reúne as centenas de artigos publicados pelo autor, acerca deste tema, em diver­sos jornais.
*       Transcrito da contracapa do livro O MIRANTE, publicado em 1999, que reúne parte das crónicas publicadas por Jaime Umbelino na imprensa local.

[ Fotos e texto de Joaquim Moedas Duarte ]

25 setembro 2011

CONVENTO DO VARATOJO

Por lá andámos ontem, na Visita Guiada integrada nas JORNADAS EUROPEIAS DO PATRIMÓNIO. Cerca de 100 pessoas aceitaram o nosso convite e compareceram, com um interesse e uma atenção que foram o melhor prémio para o nosso trabalho.
Algumas fotos de ontem - que agradecemos à nossa associada, M.C.:


Início, no largo fronteiro à Portaria

Na Igreja


À entrada da mata

 
Mais umas palavrinhas...

No 1º andar do claustro quinhentista

Junto à capelinha de Nª Srª do Sobreiro, na mata conventual

 
Coro da Igreja

No átrio da Igreja
Campanário do Convento

22 setembro 2011

REPINTURAS NA CASA JAIME UMBELINO




 
É bonito? É feio? O problema não é esse.
Respeitamos e apreciamos o trabalho que está a ser realizado dentro da Casa das Histórias e não pomos em causa a validade e a qualidade artística de Marta Pereira, autora desta intervenção.

A pergunta que continuamos a fazer é esta: é aceitável "brincar" com a fachada de uma das poucas casas antigas de Torres Vedras (séc. XVIII/XIX)?

20 setembro 2011

ENVOLVENTE DO CHAFARIZ DOS CANOS EM OBRAS








Passámos lá hoje e registámos o que vimos.
Uma funcionária da empresa de trabalhos arqueológicos seguia atentamente o trabalho dos operários.
Esperamos que tudo corra bem.

15 setembro 2011

PATRIMÓNIOS 15

  Publicado no BADALADAS em 15 agosto 2011

ERA UMA VEZ…UMA CASA
 José Pedro Sobreiro *
 



Durante alguns meses assistimos, atónitos, ao espectáculo de ver a fachada de uma das mais antigas casas de Torres Vedras transformada num festival de berrantes arco-íris, aplicados a tinta de spray, qual muro de paisagem suburbana.
O espanto provinha, não por se tratar de iniciativa irreverente de publicitário ou de artista marginal, mas, pasme-se, de ser acção promovida pela Câmara Municipal!
As razões invocadas prendiam-se com a tentativa de chamar a atenção para “um Projecto” de animação cultural vocacionado para os mais pequenos e que dá pelo nome de “Casa das Histórias”.
Este projecto nasceu como solução para o problema que a CMTV tinha em mãos, devido a um acordo celebrado com o Dr. Jaime Umbelino, segundo o qual a Câmara ao adquirir o imóvel obrigar-se ia a nele instalar uma “Casa Museu”, com o espólio daquele ilustre literato.
Como tal objectivo não se conformasse com os actuais interesses da política cultural do município - o que até podemos compreender – aceita-se como razoável esta solução da Casa das Histórias, que se pretende constituir num veículo de transmissão da cultura literária e do seu imaginário, mantendo-se, ao fim e ao cabo, na esfera da acção e da memória do seu “doador”.
E aqui é que bate o ponto!
Se elegemos como objectivo educativo a transmissão de valores da cultura da tradicional não podemos, ao mesmo tempo, agredir outras manifestações dessa mesma cultura, dessa mesma tradição- entre eles o património arquitectónico.
Há que ser coerente e resistir à tentação do marketing político e do kitsch.
Neste momento, a pintura foi retirada e a fachada encontra-se limpa. No entanto, soubemos, pelo Boletim Municipal, que nova investida se prepara para breve. (1)
Aquela casa é, seguramente, uma das mais antigas da cidade, remontando ao início do século XIX, talvez até anterior, constituindo um valor patrimonial de per si, pelas caraterísticas tipológicas específicas de uma habitação oitocentista burguesa, não sumptuária (pena é que o seu interior esteja já um pouco adulterado). Mas pelo menos resistiu a sóbria fachada, com o seu desenho simétrico de bem definidas cantarias dos vãos, com o seu óculo característico de iluminação da escada.
Esse é o desenho da casa, a sua expressão própria, que não precisa de maquilhagem, para se tornar digna da nossa contemplação.
E isso é também um valor a transmitir.
É que nestas coisas de crianças nem tudo se deve levar a brincar.
    
* Membro da Direcção da Associação Para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres  Vedras                                                          

                                                           
(1)    Diz o Boletim Municipal (setembro | outubro 2011, nº 4, p. 7):
«Ainda outro desafio lançado pela Fábrica das Histórias, mas para cria­dores, foi o Uma parede branca, que consistiu na apresentação de pro­postas de intervenção artística para a fachada da referida casa. 0 trabalho escolhido foi o de Marta Pereira, que será entretanto implementado. »
 

04 setembro 2011

MONUMENTOS CLASSIFICADOS - AZENHA DE SANTA CRUZ

Azenha de Santa Cruz - Torres Vedras
(Foto © Méon)


Edição da Câmara Municipal de Torres Vedras, 2006. Valioso e completo estudo de Guilherme A. Miranda, Maria dos Anjos Luís e Maria da Graça Lourenço, com fotografias antigas de Santa Cruz.

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Da INTRODUÇÃO:
(…)
«A Azenha foi classificada de imóvel de interesse público (IIP, Dec. NQ67/97, DR 301 de 31 de Dez. de 1997), na sequência da acção desenvolvida pela Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras que em 1982 apresentou à Câmara Municipal de Torres Vedras um dossier intitulado «Azenha de Santa Cruz - Análise Histórica e Morfológica - Proposta de Recuperação!», no qual propunha a classificação e a recuperação do imóvel e apresentava um projecto de intervenção para a zona envolvente.»
(…)