Como membro da Direcção da Associação do Património de Torres Vedras, fui convidado há dias para uma visita à Quintas das Lapas. Dessa visita dei conta no meu blogue pessoal, com fotografias e mais alguns pormenores.
Junto agora dois textos explicativos sobre a QUINTA.
Sobre a QUINTA DAS LAPAS
Diz Júlio Vieira no seu TORRES
VEDRAS ANTIGA E MODERNA, p. 201/201:
«Uma família da velha nobreza que
neste concelho tem tido residência, mais ou menos periódica, é a dos Teles da
Silva, das casas Penalva e Alegrete, hoje representadas pelos senhores condes
de Tarouca, possuidores da quinta das Lapas216, em Monte Redondo, a
mais linda vivenda solarenga deste concelho.
Naquela quinta têm nascido alguns
membros dessa ilustre família, como nomeadamente os filhos do 3o
marquês de Penalva, António e D. Eugênia.
Foi o representante dessa
família, Nuno da Silva Teles, por muitos anos provedor da Misericórdia de
Torres Vedras, e a cuja influência se deveu, nos meados do século XVIII, a
construção da monumental sacristia daquela igreja. Nuno da Silva Teles era neto
do conde de Vilar-Maior, Manuel Teles da Silva, e que foi o 1.° marquês de
Alegrete feito por D. Pedro II em 19 de Agosto de 1687.
Os marqueses de Alegrete foram
por largo período possuidores do antigo relego desta vila, encontrando-se no arquivo da
câmara numerosas referências a estes titulares.
Na interessante capela da quinta
das Lapas, existe uma urna com as relíquias de S. Frei Gil de Santarém217,
do qual era descendente D. Joana de Almeida, mulher do terceiro Marquês de
Penalva.»
216
Além da quinta das Lapas e das quintas da Bogalheira, Ermegeira, A-de-Rainha,
do Espanhol e Conceição, já referidas, e da quinta da Patameira, a que
adiante faço alusão, outras existem no concelho que foram solares de famílias
nobres. Tais são: a quinta da De Guerra, junto
à serra do Socorro e à beira da antiga estrada de Lisboa, no ponto onde existia
a estalagem, e que foi residência de um ramo dos Távoras; a antiga quinta de Santa Margarida, no Varatojo, hoje dividida, cujo palácio em
ruínas pertenceu aos marqueses do Louriçal, condes da Ericeira e depois aos
condes do Lumiar; e a quinta de Manjapão que foi d'el rei D. Dinis, o qual
estando em Santarém a deu em 11 de Janeiro de 1280 à infanta D. Branca, e esta
por seu turno a doou em 11 de Maio de 1286, estando cm Burgos, a Pêro Vicente,
seu clérigo. Esta quinta pertencia em 1729 a Manuel de Pina Monis.
217
Por volta de 1991/92,
as relíquias de Frei Gil voltaram para Santarém – Anot.
……………………………………………………………………………………….
Ainda:
(Folheto da Associação do
Património de Torres Vedras, 1 a 4 de Abril de 1982, III Encontro das
Associaçoes de Estudo, Defesa e Divulgação do Património Cultural e Natural)
«O palácio e jardins da Quinta
daa Lapas, na freguesia de Monte Redondo, constituem o conjunto mais notável
no género existente na área do município.
Iniciado nos finais do sáculo XVII pelo primeiro Marquês do Alegrete, D.
Manuel Tales da Silva, o edifício possui exemplar equilíbrio de linhas, pelo
que Júlio Vieira não teve dúvidas em o considerar "a mais linda vivenda
solarenga deste concelho". (Torres Vedras Antiga e Moderna, p. 200, 2ª
ed.)
Apenas foi concluído no século XVIII pelo que revela um espírito setecentista,
patente não só nas molduras
das janelas, nos frontões e
fogaréus como, no imponente
muro com portão nobre, de decoração
sóbria, ostentando a pedra de armas da família numa
cartela de recorte muito curioso, com características
já de uma época tardia.
Faz parte da Quinta a capela de
N. Sra. do Rosário, (onde se guardam num cofre as relíquias
de S. Frei Gil, da Ordem dos Pregadores) (nota: que por volta de 1991/1992
foram para Santarém), cuja fachada com colunata é
de espírito neoclássico, e onde se pode observar um bom silhar do azulejos do século XVIII com os
símbolos das ladainhas, sendo o
altar do final do mesmo século.
Num jardim da vegetação já pouco
vulgar, encontramos o lago da Sereia, rodeado por uma balaustrada de mármore, junto
do qual podemos observar ricos painéis de azulejos do século XVIII.
A "Casa da Quinta das
Lapas" é um imóvel de singular valor no conjunto do património cultural
português, pelo que o
Decreto-Lei número 129/77 de 29
de Setembro o classificou de imóvel
de interesse público.»
Este será um dos próximos destinos das visitas guiadas a locais de interesse patrimonial do concelho de Torres Vedras organizadas pela Associação do Património.
Fotos (C) J. Moedas Duarte
Este último portão tinha dois leões, que fora oferecido por sua Magestade D. João V como gratidão por o meu antepassado ter emprestado os operários para a construção do Convento de Mafra. A Quinta foi dada em dote no seu casamento a Dona Mariana Condessa de Vilar Myor.
ResponderEliminarObrigado pelo comentário que aqui deixou. Gostaríamos de saber muito mais coisas sobre a História desta Quinta e da família que a construiu e possuiu. Isso faz parte do nosso Património Histórico que gostaríamos de conhecer melhor para melhor o divulgarmos, sem preconceitos.
ResponderEliminarSerá possível contactar-nos pelo mail da Associação?
addpctvedras@gmail.com
Somos pessoas de bem e conhecidas em Torres Vedras, os nossos nomes estão no blogue da Associação do Património, como pode ver:
http://patrimoniodetorresvedras.blogspot.com
Desde já agradecemos a sua atenção.
Pel' A DIRECÇÃO DA ADDPCTV
Joaquim Moedas Duarte
Sugestão para o vosso site: http://bit.ly/WkcRN6
ResponderEliminarBom trabalho ;)
es
ResponderEliminara quinta das lapas foi durante alguns anos uma ass.de tratamento de toxicodependentes-eramos nos que tratávamos das instalações e da quinta.gostava de saber o que fizeram aos veados que viviam na quinta.
Era e continua a ser uma comunidade para tratamento de toxicodependentes e alcoólicos e são eles que continuam com os escassos recursos de materiais disponíveis a fazerem o possível e o quase impossível para manter e tratar das instalações e jardins, usando acima de tudo as suas capacidades e a sua improvisação.
ResponderEliminarPelo que soube, os veados foram capturados e levados para outro local, nunca chegando no entanto a saber ao certo para onde.
No livro "Estética cidadina" de Ribeiro Christino, 1923, p. 99, fala-se na "pujança da Árvore dos quatro irmaos que se admira na bela quinta das Lapas, próximo a Monte Redondo"".
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário.
ResponderEliminarJá agora gostaríamos de saber mais pormenores sobre Ribeiro Cristino. Julgamos saber que tinha família perto da Merceana(Alenquer). Tem conhecimento disso?
Num power-point de "Lugares Abandonados no Ribatejo" vêm fotografias desta quinta e da capela, num estado de degradação e abandono.
ResponderEliminarPerante a informação que encontrei aqui fico sem saber qual é afinal o estado actual da quinta/capela. Está ou esteve degradada/abandonada?
A Quinta das Lapas não se situa no Ribatejo mas sim no concelho de Torres Vedras, a cerca de 8km a NE da cidade sede do concelho.
ResponderEliminarO palacete, apesar de necessitar de obras de manutenção, não está "num estado de degradação e abandono". A capela junto à fachada está bem conservada.
A mata que rodeia o palacete precisa de limpeza, é certo. E tem capelas em ruínas, que já assim estão há muitos anos mas estão afastadas do núcleo principal do conjunto e não saõ visíveis da estrada .
Toda a propriedade pertence, desde os finais dos anos 90, à Dianova, cujo site pode consultar aqui:
https://dianova.pt/dianova-institucional/quem-somos/
Obrigado.