Andámos, há dias, pelo Castro do
Zambujal, a observar como decorrem as obras de requalificação deste Monumento
Nacional, um dos mais significativos do período pré-histórico, conhecido como
Calcolítico da Estremadura.
Gostámos do que vimos. Os acessos
foram redimensionados, construiu-se um pequeno edifício de apoio (sanitários),
as estruturas pétreas estão a ser consolidadas, há passadiços de madeira para
os visitantes poderem observar os espaços intervencionados pelos arqueólogos, o
antigo casal rústico está mais limpo e apresentável.
No entanto, notámos uma falta que,
a manter-se, muito desvalorizará o trabalho já feito: trata-se de uma
plataforma para se poder observar o ponto que é, indiscutivelmente, o mais
importante daquela construção milenar: a barbacã, com as seteiras:
Sabendo nós como é melindrosa
qualquer intervenção num Monumento Nacional, não esperávamos nenhuma solução
espectacular para o problema da visibilidade da barbacã. Aliás, consta que
chegou a ser ponderada a possibilidade de se construir uma sofisticada torre de
observação, projectada por um arquitecto de renome, de modo a atrair
visitantes. A torre seria uma mais-valia pelo confronto da vetusta construção
pré-histórica com essa arrojada “obra de arte” arquitectónica contemporânea. E
há até quem diga que tal solução só não avançou já, por ser muito cara, mas
quando houver disponibilidade financeira, irá para a frente.
Não acreditamos que mentes lúcidas
se atrevam a tais soluções, desajustadas e gravemente desrespeitadores do nosso
mais antigo e expressivo Monumento, pelo que tomamos como piada de mau gosto a
ideia da tal “obra de arte”.
Contudo, o problema subsiste: como
facultar aos visitantes a observação cómoda e, sobretudo, segura, da barbacã?
Em tempos já apresentámos nas
páginas deste jornal uma sugestão que nos parece viável, barata e eficaz:
montagem de uma estrutura de madeira (pinho tratado) – como plataforma de
observação – que permita aos visitantes aperceberem-se da complexidade e
características da fortificação. E acrescentávamos: «Tal estrutura é, só por
si, uma defesa activa da integridade do monumento. Reconhecemos que a localização
deste equipamento pode ser considerada intrusiva. Porém, ela é a única que
permite a observação detalhada do pormenor mais significativo e emblemático do
Zambujal – a barbacã com as seteiras. Acresce que, sendo de madeira, ela é
facilmente alterável; e, por outro lado, ficará colocada numa zona que, já
tendo sido escavada, foi de novo coberta de terra, uma forma usual de
preservação de espaços como este».
Este tipo de estrutura – que pode
ser visto, por exemplo, no acesso à Praia da Ribeira d’Ilhas, na Ericeira – é
seguro e durável, e evita que os visitantes deambulem sobre as muralhas e as
torres do Zambujal, com todos os perigos inerentes, para eles e para as
construções que se vão degradando. E, sendo de madeira, integra-se naturalmente
no ambiente circundante.
Será excessivamente intrusiva esta
plataforma? Que dizer, então, do casal rústico mesmo ao lado do Monumento? Há
coisa mais intrusiva do que aquele amontoado caótico de casebres em ruínas? E
no entanto, existe há décadas, uma parte terá séculos de existência e já nos
habituámos a ele. Faz parte da História daquele lugar.
O aspecto e localização da
plataforma seriam estes:
A sugestão aqui fica, certos de
que haverá tempo e vontade para a pôr em prática. O Monumento e os seus
visitantes merecem.
Associação para a Defesa e Divulgação
do Património Cultural de Torres Vedras
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