Página do jornal BADALADAS, Torres Vedras
de 21 Junho 2013
RIQUEZA MONUMENTAL DE TORRES VEDRAS
MAIS QUATRO
MONUMENTOS CLASSIFICADOS
Durante o primeiro semestre deste ano Torres Vedras viu mais
quatro monumentos classificados como de “Interesse Público”: Igreja de
Santiago, na cidade; Igreja de S. Lucas, na Freiria; Ermida do Senhor do
Calvário, em Matacães; e Estância Termal de Vale dos Cucos. A importância deste
reconhecimento é óbvia. O património edificado é, cada vez mais, um recurso
inestimável para a valorização cultural e turística do território. Além disso,
reforça o sentimento de pertença e de identidade da comunidade torriense, cada
vez mais consciente da espessura histórica que a caracteriza. A relevância
deste acto administrativo é sublinhada pela legislação que a suporta (Lei nº
107/2001, de 8 de Setembro) quando refere que o património cultural é
«constituído por todos os bens – materiais e imateriais – que, sendo
testemunhos com valor de civilização ou de cultura portadores de interesse
cultural relevante, devem ser objecto de especial protecção e valorização.» E
mais adiante: «O interesse cultural relevante (…) reflectirá valores de
memória, antiguidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade.»
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ERMIDA E SÍTIO DO SENHOR JESUS DO CALVÁRIO
Lugar
relevante na paisagem física e cultural do concelho de Torres Vedras. A capela
foi reedificada em 1771 por intermédio de D. Francisco Mendo Trigoso, bispo de
Viseu, que obteve do Papa Pio VI regalias de altar privilegiado, em 1779,
conforme inscrição do lado direito da capela-mor. A primeira referência
conhecida data de 1632, ano em que foi concedido ao templo licença para nele se
celebrar missa. Integra alguns importantes elementos de património: mármores no
altar-mor, pia baptismal e lavabo da sacristia; uma imagem tutelar de Cristo
Crucificado, data de 1712; brasão de armas do bispo sobre o arco triunfal;
azulejaria figurativa dedicada à Paixão de Cristo (na capela) e Santo António
(na sacristia, constituindo este o anterior orago do templo) e diverso
mobiliário litúrgico.
*
ESTÂNCIA TERMAL DE VALE DOS CUCOS
Foi inaugurada em 1893, no local onde há cerca de um
século existam já algumas estruturas incipientes destinadas a banhos,
aproveitando águas terapêuticas documentalmente
referenciadas desde meados do século XVIII e
provavelmente canalizadas desde a época romana. O plano inicial, desenvolvido
após a descoberta de uma nascente particularmente abundante, previa a
construção de uma grandiosa vila termal. Apesar de ter sido apenas parcialmente
implantado, trata -se do único exemplo a nível nacional onde é traçado
de raiz o conjunto de equipamentos essenciais ao
funcionamento de um estabelecimento termal, detendo valor patrimonial ímpar. O
conjunto termal é composto pelo edifício principal, centrado num largo de
grandes dimensões, pela fonte termal ou buvette, por um hotel e casino, duas
moradias, capela, oficinas de preparo de lamas e de águas e balneário, cuja
fachada neo -clássica se levanta no extremo de extensa e imponente alameda arborizada.
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IGREJA DE S. LUCAS – FREIRIA
Foi fundada nos finais do século XV, inícios do século XVI, apresentando
vestígios arquitectónicos da época manuelina. A estrutura foi reformada e
ampliada no século XVII.
Fachada de linhas maneiristas, de gosto chão, rematada por frontão.
Ao centro, foi rasgado o portal principal de moldura rectangular com pilastras
toscanas e frontão triangular, encimado por janela com o mesmo modelo. Do lado
direito, ergue-se a torre sineira.
Na fachada lateral direita encontra-se um portal manuelino, de arco polilobado.
Interior de naves, de cinco tramos, em arco redondo. A capela baptismal, que
alberga uma pia manuelina, é decorada com silhar de azulejos de tapete
seiscentistas.
O espaço é decorado por vários conjuntos de tábuas, datadas de diferentes
épocas. Retábulo de talha dourada, na capela-mor, de manufactura seiscentista,
e nas paredes estão dispostas quatro tábuas, também datadas do século XVII. A
sacristia possui um painel de azulejos polícromos, executado em 1656, com a
seguinte inscrição: "QVINTELA FECIT".
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IGREJA DE SANTIAGO (cidade)
Reconstrução
quinhentista de um edifício primitivo, tendo sofrido várias obras de
remodelação, nomeadamente no século XVIII. Da primeira campanha de Quinhentos
restam alguns janelões, contrafortes, e o portal principal, de arquivoltas
redondas inteiramente cobertas por lavores manuelinos. A fachada é de
remodelação mais tardia.
Abóbada de
berço de caixotões na nave, única e muito larga, e abóbada de cruzaria simples
na capela-mor, sendo esta revestida com grandes silhares de azulejos
setecentistas. Pia baptismal, semelhante à da Igreja de Santa
Maria do Castelo, e a escada de caracol do coro alto, em pedra, ambos do século
XVI. O cadeiral do coro, muito danificado, é datado de 1634 e coevo do
interessante púlpito de mármore que enriquece a nave.
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