No séc. XIX sofreu as consequências da abolição das Ordens Religiosas e passou a quartel militar. Nos anos 40 do séc. XX foi devastado por um incêndio. A degradação foi até ao estado de ruína.
A denúncia vigorosa de Almeida Garrett ainda hoje constitui um dos mais pungentes libelos contra a degradação do nosso Património - veja-se o Cap. XLII das suas VIAGENS NA MINHA TERRA.
Nas últimas décadas do séc. XX fizeram-se obras de reparação e restauro e em 2009 foi aberto ao público. Ainda com muito por fazer mas já com muito para ver e apreciar.
Andámos por lá em 2010:
A fachada da Igreja mostrava uma cratera feíssima por cima da porta axial, no lugar onde, em tempos idos, existira uma rosácea. Perdera-se, até, a memória dela.
Soubemos agora que foi colocada uma nova rosácea, como vimos nesta notícia num semanário de Santarém e como comprovámos em recente visita, ao fim do dia:
Procurámos mais informações sobre esta intervenção. Com que bases ela foi feita, qual a sua validade ou pertinência? Está de acordo com as normas nacionais e internacionais para as obras de restauro?
O que encontrámos fez-nos pensar. O prof. doutor Jorge Raimundo Custódio, reconhecida autoridade na matéria, arrasa esta intervenção numa entrevista que pode ser lida aqui.
A título de exemplo:
"O que sente ao olhar para a nova rosácea que foi colocada no Convento de São Francisco, enquanto historiador e cidadão ligado à defesa do património?
A rosácea é um falso, uma obra infundada e resultado de uma não concepção de conservação e restauro.
Do ponto de vista estético é um kitsch neo-gótico - impensável que fosse mandado executar hoje, no século XXI, quando as questões de restauro alcançaram um novo patamar depois das recomendações internacionais que determinam os critérios de conservação do património a nível internacional.
Note-se que, do ponto de vista da cultural patrimonial Portugal subscreveu as mais importantes convenções e recomendações internacionais. Os técnicos dos serviços do património têm que fundamentar todos os seus pareceres na lei portuguesa e naqueles documentos, dado que o nosso país é um dos estados membros da Comunidade Europeia.
Neste caso verificou-se que os dirigentes se afastaram totalmente tanto dos princípios e critérios defendidos na documentação internacional, como desrespeitaram a lei portuguesa."
Vale a pena ler tudo.
A propósito, leia-se também o que diz a CARTA DE VENEZA, documento a que Portugal está vinculado. (clicar)
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