no dia 21 de Janeiro deste ano de 2025. Entre elas,
os quatro netos, os três bisnetos e os dois trinetos.
Presente, também, uma turma da Universidade Senior de Torres Vedras.
Transcrevemos a parte final da comunicação da autoria do prof. Joaquim Moedas Duarte:
O FINAL
No dia 21 de Janeiro de 1930,
cerrou-se o pano sobre uma vida que não chegara a completar 50 anos.
A Gazeta
de Torres de 26 de Janeiro de 1930 noticiou: “Júlio Vieira – Faleceu este
nosso querido colaborador e bom torreense. (…) Antigo propagandista da
República contribuiu para que as ideias da Democracia se espalhassem neste
concelho que nesse tempo lhe era bastante contrário”.
De Júlio Vieira ficou um rasto
profundo que não se apagou até hoje. Meses após o seu falecimento, pôs-se a
questão de saber o que fazer com a grande biblioteca que ele possuía. A família
não podia mantê-la. O Jornal de Torres
Vedras, de 29 de Novembro de 1930, sugeriu a criação de uma Biblioteca
pública que ainda não existia em Torres Vedras, e a compra dos livros de Júlio
Vieira poderia ser o seu começo. A ideia foi bem acolhida e a verdade é que em
1934 viria a ser inaugurada a Biblioteca de Torres Vedras, com aqueles livros,
adquiridos pelo Município. Júlio Vieira, lá do assento etéreo onde subira, não
deixaria de se congratular.
Pela minha parte, concluo esta
evocação. Foi uma breve viagem pela vida tão intensamente vivida por este homem
cuja memória hoje homenageamos.
Mas Júlio Vieira merece mais. Por isso, desde há algum tempo que venho
coligindo dados para a elaboração de uma biografia, que terá o título “JÚLIO
VIEIRA – O HOMEM E O SEU TEMPO, a publicar também no próximo ano.
Recordar,
recontar, registar, rememorar – é a tarefa que me proponho, ao abeirar-me dos
vestígios da passagem de Júlio Vieira pela comunidade em que me integrei e onde
vivo há mais de meio século. Faço-o movido por profundo sentimento de gratidão
para com este homem. Dele bebi o humanismo que se desprende de cada intervenção
sua, o amor solidário pelos semelhantes que labutavam ao seu lado, a
necessidade de reflectir sobre a vida comum e, até, quando necessário, denunciar
erros e desacertos. Ele é uma inspiração e não me conformo em guardar só para
mim esse sentimento pessoal.
Vieira
merece um trabalho circunstanciado que nos ajude a conhecer e entender melhor o
seu notabilíssimo labor de cidadania política e cultural – que o tornou numa
das personalidades mais destacadas da sociedade torriense das primeiras décadas
do séc. XX.
Torres
Vedras, 21 de Janeiro de 2025
Joaquim
Moedas Duarte