28 abril 2010

PARABÉNS!

Ao VEDROGRAFIAS, do nosso associado Venerando de Matos.
Um blogue que perfaz um ano de vida. Tornou-se instrumento imprescindível para quem quer conhecer a História torriense.
Muitos parabéns!

16 abril 2010

CONGRESSO PATRIMÓNIO 2010


Congresso sobre o Património, a decorrer nos dias 14, 15 e 16 de Abril no Porto.
Ver pormenores AQUI

PATRIMÓNIO E CONTEMPORANEIDADE

Arttigo da revista PEDRA & CAL, nº 45, 1º trimestre de 2010:

Património e contemporaneidade

Fala-se muito, nos nossos dias, sobre "Património", "Conservação e Restauro", "Intervenções
com carácter contemporâneo", entre outros temas. Embora seja muito animador verificarmos
um crescente interesse por estes assuntos que finalmente despertam o justo interesse da nossa sociedade, sinal de que estão em plena ordem do dia, importa interrogarmo-nos sobre o que é o nosso património, o que representa, o respeito que deveremos ter por ele e que se reflecte, por exemplo, no tipo de intervenções a que o vamos submeter.

O património representa, em termos gerais, uma herança, um conjunto de bens naturais ou culturais, de importância reconhecida num determinado lugar, região, país ou, até, da humanidade. O caso particular do património arquitectónico engloba todos os monumentos, conjuntos arquitectónicos e sítios. Representa a herança cultural de um povo, com os seus costumes e a sua história. Também se aplica às obras modestas que, com o tempo, adquiriram significado cultural. Conseguimos, as¬sim, identificar imediatamente um monumento ou um sítio nas regiões por onde os nossos antepassados andaram e deixaram memória. É esse o objectivo que se pretende atingir: salvaguardar a herança arquitectónica e cultural de um povo intervindo nela com respeito pelas suas origens, de modo a preservar as partes ou características que transmitem o seu valor histórico, cultural, arquitectónico e simbólico.

É do conhecimento comum o mau estado em que se encontra uma grande parte dos nossos monumentos, conjuntos arquitectónicos e sítios, fruto do abandono, de acidentes, de maus critérios de intervenção, entre outros factores. As razões destes problemas perdem-se no tempo. Poder-se-á referir, por exemplo, o desconhecimento das técnicas tradicionais, postas em causa nos últimos tempos com o desaparecimento da mão-de-obra especializada, e o ritmo cada vez mais elevado exigido à construção nos nossos dias.

No final do século passado, e durante muitos anos, verificou-se um ritmo descontrolado de construção nova, de baixo nível de qualidade, com o abandono e consequente degradação das construções e centros históricos.

Com a construção de novos edifícios para habitação e das grandes superfícies comerciais na periferia dos centros urbanos, os centros históricos ficaram cada vez mais desertificados, não favorecendo a preservação dos valores culturais, ao contrário dos centros históricos de uma grande parte das cidades europeias. Esta situação originou o abandono, delinquência e desmotivação das pessoas que nos visitam, com reflexos em termos económicos e na imagem que é transmitida. Actualmente, verifica-se, paulatinamente, uma revolução na mentalidade dos cidadãos, em parte fruto da crise no investimento na construção nova e, também, de uma nova maneira de olhar para o nosso património e de o entender. São tempos de reflexão, de acerto de estratégia, considerando a reabilitação como a saída natural para a crise criada com a estratégia errada nos finais do século passado.

Com o alargamento da Europa, em termos de unidade europeia, na sequência da Carta de Veneza e de vária produção doutrinária internacional, surgiu, em 2000, a Carta de Cracóvia. Esta vem sublinhar a grande diversidade das múltiplas identidades que constituem a Europa actual e assegurar o respeito e a coexistência de todas as diferentes identidades, de modo a que o projecto de conservação e restauro do património construído reflicta uma evolução dos seus valores sociais e científicos.
Na conservação dos monumentos e edifícios com valor histórico terá de se ter em conta a sua autenticidade e integridade.

As decisões e escolhas a fazer deverão equacionar-se numa perspectiva de fruição futura, acompanhando o alargamento do conceito de património construído, considerando os vários conceitos de manutenção, reparação, restauro, renovação e reabilitação, bem como a sua consideração em cada caso específico de intervenção. Para estes objectivos poderem ser atingidos, de modo a não se cometerem os mesmos erros do passado, deverá ser encorajado o recurso a novas tecnologias e novas práticas, fazendo uso dos critérios de eficácia, compatibilidade, durabilidade, reversibilidade e, também, eficiência, de uma forma responsável e sustentada. A sustentabilidade é, segundo Chrisna du Plessis, "o regime capaz de permitir a existência continuada do ser humano, possibilitando uma vida segura, saudável e produtiva às sucessivas gerações, em harmonia com a natureza e com os valores culturais e espirituais locais".

Por último, mas não menos importante para a salvaguarda do nosso património construído, as intervenções deverá ser sempre executadas por empresas com qualificação específica, devendo o lançamento de concursos de obras de intervenção ser realizado em moldes que assegurem que os concorrentes possuem a necessária qualificação. Este requisito vem, aliás, na sequência das cartas e declarações internacionais, que o nosso país subscreveu e se comprometeu a implementar. Não nos podemos esquecer de que o nosso património é a nossa herança, o que recebemos dos nossos antepassados, mas, também, é o que, por sua vez, iremos deixar aos nossos sucessores. Para isso, deveremos tratá-lo e acarinhá-lo da melhor forma.

Filipe Ferreira, director do GECoRPA ( Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património Arquitectónico)

14 abril 2010

DADOS TÉCNICOS SOBRE O FORTE DA FORCA









CARACTERIZAÇÃO DA TÉCNICA CONSTRUTIVA E DIAGNÓSTICO DO ESTADO DE PRESERVAÇÃO DO FORTE DA FORCA

O Forte da Forca localiza-se no concelho de Torres Vedras, freguesia de Santa Maria, a Nordeste da cidade de Torres Vedras. Topograficamente encontra-se no topo de uma paleoarriba do Rio Sizandro. Implanta-se perto do vértice Este formado entre a Vala dos Amiais, e a Ribeira das Voltas. Nesta zona a Vala segue de Norte para Sul e intercepta a Ribeira que segue de Este para Oeste. A referida Vala é afluente do rio Sizando. Os fortes que estão mais perto do forte da Forca são o Forte de S. Vicente a Oeste e a estrutura defensiva que estaria no antigo castelo a Sul de Torres Vedras. Este conjunto pretendia garantir a defesa na entrada em Torres Vedras e progresso para Lisboa, pela antiga estrada real.

O conjunto integra no seu interior pelo menos um trave s, duas praças altas e paiol. No interior verifica-se a existência de dois grandes buracos, provavelmente relacionados com infiltração de águas para cavidades internas no arenito em que o forte foi construído. Uma realidade semelhante regista-se também no lado Norte do fosso, só que neste caso é possível verificar a existência permanente de água, o que provavelmente estará relacionado com a existência de uma nascente.

Ao longo do perímetro exterior do Forte (poligonal de forma Maio ou menos quadrangular, com cerca de 245 m) existem oito canhoeiras que cobrem num ângulo de 180° entre o lado Norte e Nordeste. Estas estão dispostas em duas dos quatro lados principais da poligonal que define a planta da obra. O fosso desenvolve-se entre os lados Nascente Norte e Poente, estando aberto sobre o lado Sul, que é um escarpa natural. Este fosso está escavado em mais de metade da sua profundidade no substrato geológico (Grés de Torres Vedras CGP 30C), material que aparece, como é óbvio, na construção dos reparos, não só como depósito "batido", mas também como blocos talhados, actualmente bastante erodidos.
O estado de conservação do Forte pode ser considerado bastante razoável, tendo em conta que, são visíveis de forma relativamente clara todos os aspectos formais do mesmo. Existem, no entanto, algumas perdas significativas ao nível da volumetria dos reparos, travéses e praças altas, bem como no entulhamento e derrube de partes significativas do fosso.



Os principais problemas de preservação observados nas partes em terra do Forte são:
Existência de vegetação de grande e médio porte
Esta vegetação, ao contrário da de pequeno porte, que funciona como elemento controlador da erosão, promove a desagregação de partes significativas do Forte devido à dimensão das suas raízes. Para além do aspecto de desgaste físico das estruturas de médio porte, impede a visualização, circulação e interpretação da geometria da fortificação. As plantas concretas que promovem as patologias referidas estão discriminadas em estudo realizado pela FLOREST. Esta alteração verifica-se quer no interior quer no exterior do forte. Esta patologia é um dos principais problemas na preservação do forte em causa.

Zonas de deslizamento e lacunas estruturais

Estes fenómenos caracterizam-se pelo abatimento significativo de troços devido à dissolução e remoção de sedimento junto à base, provocada pelo empoçamento e lavragem do terreno envolvente. Tal leva à existência de lacunas mais ou menos significativas, bem como ao aparecimento de superfícies instáveis e facilmente erodidas. O não controle das causas de tal fenómeno leva a que este contribua exponencialmente para a alteração do forte. Esta alteração verifica-se fundamentalmente no fosso, na zona em que existem diferentes níveis de resistência do grés.
Zonas de escorrência e erosão muito activa
Este fenómeno caracteriza-se pela perda significativa de material devido ao arrastamento provocado pela água das chuvas e ou acção humana, como seja o pisoteio ou passagem de veículos. Esta alteração verifica-se no topo e ao longo do reparo, provocando em alguns casos rampas que podem simular acessos.

Zonas de empoçamento

Fenómeno que ocorre no interior e exterior do forte. No lado interno deve-se sobretudo à escorrência de material dos traveses e reparos que obstrui o provável sistema de drenagem antigo. No fosso deve-se sobretudo às escorrências anteriormente referidas. Este fenómeno é um problema, na medida em que dificulta a visita ao forte durante todo o ano, contribui para a existência de tipos de solos significativamente distintos no seu interior o que promove crescimentos irregulares de vegetação. Porém, o aspecto mais pernicioso do ponto de vista material do forte é o facto de ser catalizador dos deslizamentos já anteriormente referidos.

Ausência de estrutura de acesso à entrada
Um dos aspectos mais ou menos comuns, referidos na documentação existente, é que o acesso aos fortes era feito a partir de plataformas de madeira colocadas sobre o fosso. Em muitos fortes tal zona está preenchida por sedimentos. No caso do Forte da Forca estes não são suficientes para garantir tal acesso pela zona de entrada original. A referida entrada localiza-se sensivelmente a meio do lado Oeste do forte. Tal realidade é visível no local pela interrupção existente no já diminuto reparo.


PLANO DE INTERVENÇÃO DO FORTE DA FORCA
PRINCÍPIOS DE ACTUAÇÃO E ACÇÕES A DESENVOLVER NO FORTE DA FORCA
O Forte da Forca, alvo do presente capítulo, apresenta-se como um elemento patrimonial de grande relevância, não só por manter grande parte da sua originalidade preservada, mas também como elemento que faz parte de um conjunto maior que lhe reforça o sentido. Ao mesmo tempo, este forte documenta de forma particular as técnicas construtivas e a estratégia militar que estiveram na sua origem. Apresenta-se igualmente como elemento que evidencia a relevância e significado que a região teve dum dado momento para a História Europeia em geral e Portuguesa em particular.
Assim sendo, consideramos que a recuperação do imóvel deve assentar na perspectiva de preservação de documento histórico, arqueológico e pedagógico. Ou seja, as acções a desenvolver devem privilegiar a estabilização e consolidação do existente em detrimento de restauros, de forma a não comprometer as intenções do passado. Os métodos e as técnicas que se apresentam enquadram-se nas recomendações internacionais para a salvaguarda de património arquitectónico com valor histórico.
Os métodos de trabalho a implementar encontram-se descritos no capítulo 10 deste documento, as áreas específicas de implementação dos trabalhos estão assinaladas nos levantamentos gráficos.



A intervenção no Forte da Forca passará pela implementação das seguintes acções:

Escavação das áreas definidas

       Corte de toda a vegetação
       Corte específico de árvores, arbustos e canas
       Remoção de entulhos e descarga em vazadouro autorizado.
       Reforço pontual das áreas em risco devido a lacunas, deslizamentos, escorrências e  
         erosão muito significativas.
       Restauro segundo a lógica construtiva identificada nas áreas escavadas até ao volume da
         envolvente actual.
       Selagem de poços
       Regularização da superfície interna e externa do forte.
     •       Construção de plataforma de acesso a forte (projecto especifico arquitectura)





PLANO DE INTERVENÇÃO ARQUEOLÓGICA NO FORTE DA FORCA
Escavação arqueológica
No Forte da Forca propõe-se a escavação arqueológica de cinco áreas, tal como assinalado na planta em anexo.

Os principais objectivos da realização deste trabalho são:


       Sondagens 1, 2, 3 e 5: minimizar os impactos sobre o património decorrentes dos trabalhos de remoção de sedimentos que actualmente obstruem o fosso em zonas específicas e que são utilizados de forma imprópria para aceder ao interior do forte. Com esta escavação será possível compreender melhor a técnica de construção das canhoeiras e do fosso naquela zona, bem como, identificar o seu fundo. Prevê-se, para isso, a escavação de uma área de 130 m2.
       Sondagem 4: determinar a eventual existência de estruturas na zona da entrada original e minimizar os impactos sobre o património decorrentes dos trabalhos de instalação de nova estrutura de acesso. Prevê-se a escavação de uma área de 30 m2.

   Acompanhamento arqueológico
Deverá efectuar-se o acompanhamento arqueológico das áreas no interior do forte com vista à regularização de pavimentos e solução de problemas actuais de drenagem. Propõe-se, igualmente, o acompanhamento em virtude dos impactos previstos pelo projecto de valorização da paisagem.

(Extractos de um documento da Câmara  Municipal de Torres Vedras)

09 abril 2010

FORTE DA FORCA - TORRES VEDRAS



É a estrutura militar das Linhas de Torres Vedras que fica mais próxima do centro da cidade de Torres Vedras e que, estranhamente, os torrienses não conhecem.
Por isso a Associação do Património vai fazer uma


VISITA GUIADA AO FORTE DA FORCA

18 de ABRIL


Está a pouco mais de 15 minutos a pé. Venha conhecê-lo connosco.

Continuando a evocação dos acontecimentos históricos relacionados com a Guerra Peninsular, a Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras propõe hoje aos nossos leitores a participação numa VISITA GUIADA ao Forte da Forca, situado à saída de Torres Vedras, no morro fronteiro ao Choupal e ao Forte de S. Vicente.

Não é precisa inscrição prévia. Trata-se de um passeio pedestre aberto a toda a população. Basta aparecer. Venha conhecer o nosso Património e desfrutar a Primavera.

PROGRAMA:

• 15.00 – Concentração à porta do Museu Municipal Leonel Trindade, junto ao Jardim da Graça.

• 15.30 – Partida e passagem por alguns locais evocativos da Guerra Peninsular.

• 16.15 – Chegada ao Forte da Forca. Observação e interpretação do lugar.

• 16.30 – Regresso

Este passeio está integrado no programa nacional de actividades do DIA INTERNACIONAL DOS MONUMENTOS E SÍTIOS, coordenado pelo IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico e é um complemento de outras iniciativas programadas no âmbito da Comemoração do Bicentenário das Linhas de Torres Vedras.


01 abril 2010


Mais uma iniciativa do IGESPAR por ocasião do DIA INTERNACIONAL DOS MONUMENTOS E SÍTIOS.
Diga-se, entretanto, que o Programa Nacional de Actividades relacionadas com este DIA, conta com uma forte participação de Torres Vedras, como se pode ver no site do IGESPAR, AQUI.
A Associação para a Defesa e Divulgação do Património Cultural de Torres Vedras também lá está representada, com a já nunciada Visita Guiada ao Forte da Forca, a qual voltaremos a anunciar em breve.